O ministro da Ciência, Tecnologia e
Inovação, Marco Antonio Raupp, participou na segunda-feira (22), no Rio
de Janeiro, da assinatura do acordo de cooperação para aquisição de um
novo navio de pesquisa hidroceanográfico no valor de R$ 162 milhões. Ele
afirmou que esse reforço permitirá ao Brasil avançar no conhecimento de
seu ambiente marinho. "Temos dois grandes desafios para vencer, os de
gerar ciência tanto na Amazônia Verde como na Amazônia Azul", disse,
numa imagem que estabelece um paralelo entre as riquezas dos biomas
amazônico e marinho.
"E, com essa ampliação da infraestrutura embarcada para pesquisas,
estamos começando a alcançar um desses objetivos. É fundamental e
estratégico termos o domínio territorial e a soberania nacional. Mas
também é imprescindível termos conhecimento sobre nosso território, e
este acordo de cooperação é mais um passo que damos para avançar no
conhecimento do nosso território marítimo."
O acordo para a compra foi firmado com o Ministério da Defesa e a
Marinha, a Petrobras e a Vale S.A. A cerimônia foi realizada no Centro
Cultural Finep, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A agência
será a responsável pelo repasse dos recursos do MCTI, de R$ 27 milhões.
É a mesma quantia a ser aportada pela Marinha, enquanto a Vale entrará
com R$ 38 milhões, e a Petrobras, com R$ 70 milhões.
Com a ampliação de infraestrutura, o MCTI planeja obter avanços
significativos no conhecimento científico sobre os oceanos para melhor
aproveitamento das riquezas potenciais contidas no Atlântico Sul e
Tropical, bem como em águas internacionais contíguas, transformando
assim o setor em um componente estratégico do desenvolvimento econômico e
social do Brasil. "Este é um esforço que envolve dinheiro público e
privado, e que demonstra a importância desse casamento para o
desenvolvimento do sistema de C,T&I [ciência, tecnologia e
inovação]", disse Raupp.
Características - A coordenadora-geral de Mar e Antártica
do MCTI, Janice Trotte, afirmou que a embarcação será equipada com o que
há de mais avançado em tecnologia de experimentação marinha. Ela
apresentou as funcionalidades do equipamento, como capacidade para 146
pessoas, camarotes individuais e autonomia (período que pode passar sem
reabastecimento) de 60 dias. "A ideia é que até setembro do ano que vem
já esteja entrando aqui na baía de Guanabara", acrescentou.
Segundo Janice, a nova estrutura vai intensificar a geração de
conhecimento e a formação de recursos humanos sobre o ambiente marinho,
promovendo avanços nas pesquisas das áreas de química, geologia,
biologia e física. "A ênfase será nos trabalhos de levantamento de
recursos minerais e bioprospecção em águas sob jurisdição brasileira",
completou.
Janice disse que atualmente pesquisadores brasileiros precisam atuar em
navios estrangeiros no Atlântico Sul, pela ausência de uma plataforma de
pesquisa adequada, o que deverá mudar com a entrada em operação da nova
embarcação. Segundo ela, ainda serão necessários novos navios para
atender à demanda na região.
Atualmente, o País conta com o Cruzeiro do Sul, vinculado à Marinha, e o
Alpha Crucis, da Universidade de São Paulo (USP), como plataformas de
grande alcance. A nova embarcação vai permitir que o País faça
explorações mais aprofundadas do leito oceânico, em busca de metais e
materiais preciosos. "Nos mantínhamos em um patamar atrás por não dispor
de plataforma de infraestrutura embarcada para chegar a esse tipo de
exploração. Já temos conhecimento de rochas cobaltíferas e fosforitas e
diversos outros recursos minerais muito valorizados no mercado
internacional. Temos esta fronteira a desbravar, jamais desenvolvida em
nosso país", disse a coordenadora.
(Assessoria do MCTI e Agência Brasil)