Nos dias 24 e 25 de julho deste ano acontecerá o ciclo de
palestras "EUGEN WARMING LECTURES IN EVOLUTIONARY ECOLOGY", promovido pelo Laboratório de Ecologia Evolutiva e Biodiversidade, da Universidade Federal de Minas Gerais, com o apoio do Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre da mesma instituição. O evento é gratuito e aberto a estudantes de graduação, pós-graduação, profissionais da área e demais interessados.
Em sua XII edição, o tema será "Polinización en tiempos de cambio climático". O simpósio internacional oferece ao público a oportunidade de ouvir e discutir temas atuais com cientistas nacionais e internacionais de grande reconhecimento, além de possibilitar o contato entre diversos tipos de profissionais.
As inscrições já estão abertas e podem ser feitas através do site do evento, abaixo.
Consultor ambiental: grelha, três vezes mais emissões que o cozimento
Para obter informações, entrei em contato com Eric Johnson, consultor ambiental com sede na Suíça. Ele escreveu um estudo comparando as pegadas de carbono das grelhas de carvão e gás. Johnson
disse que as grelhas de carvão normalmente geram três vezes mais
emissões de gases do efeito estufa do que o gás para o mesmo trabalho de
cozimento. “As pessoas tendem a abusar do carvão. Mas quando você usa
gás ou propano, liga e desliga a grelha.”
Uma sessão típica de grelhar carvão emite tanto quanto dirigir um carro por cerca de 80 km
Ele descobriu que uma sessão típica de
grelhar carvão emite tanto dióxido de carbono quanto dirigir um carro
por cerca de 80 km. Isso pode não parecer muito. Mas, considere o fato
de que aproximadamente 90 milhões de americanos possuem uma grelha a
carvão (E no Brasil, quantas seriam?). “Essas coisas se somam no final”,
disse Johnson.
Nem todo carvão vem de fontes renováveis
Dois outros fatores podem agravar a
pegada ambiental das churrasqueiras a carvão. Nem todo carvão vem de
fontes renováveis. E os aceleradores que costumam ser usados para
iniciar o fogo são geralmente feitos a partir de combustíveis fósseis.
Fumaça do carvão é igual a dióxido de carbono indo pra atmosfera. Imagem, hutterstock / TudoGostoso.
As churrasqueiras elétricas não emitem
dióxido de carbono. Mas, como o carvão é queimado para produzir mais de
um quarto da energia gerada nos Estados Unidos, Johnson disse que o gás provavelmente seria a opção de churrasco mais sustentável na maioria dos casos.
Churrasco ecologicamente correto
Organizar um churrasco ecologicamente
correto é também servir alimentos e bebidas em pratos e xícaras
compostáveis ou reutilizáveis, reduzindo o desperdício de alimentos
planejando com antecedência e favorecendo os legumes grelhados sobre a
carne. Se você não quiser cortar a carne completamente, experimente
essas receitas de hambúrguer que misturam carne e cogumelos. “Misturar
sua carne com 30 por cento de plantas como cogumelos é uma maneira fácil
de satisfazer seus amigos carnívoros. E fazer algo de útil para o
planeta”, disse Sujatha Bergen, diretora de campanhas de saúde do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais.
E sobre comer carne, o que dizem os entendidos?
Sobre o consumo de carne, diz The Guardian.
“Uma série de pesquisas divulgadas no ano passado revelou o grande
impacto que o consumo de carne, especialmente bovina e suína, tem sobre
o meio ambiente, alimentando a mudança climática e poluindo paisagens e
cursos de água.”
Carne bovina representa apenas um terço das proteínas que necessitamos
Guardian, “apesar de consumir a grande
maioria das terras agrícolas, a carne e os laticínios respondem por
apenas 18% de todas as calorias alimentares e por cerca de um terço das
proteínas.A poderosa pegada de carne de criação não é apenas
ineficiente. O desmatamento para dar lugar à pecuária, juntamente com as
emissões de metano das vacas e o uso de fertilizantes, gera mais
emissões de gases do efeito estufa que todos os carros, caminhões e
aviões do mundo. Práticas de criação de carne correm o risco de extinção
em massa de outros animais, além de gerar poluição significativa de
córregos, rios e, por fim, do oceano.”
O rebanho bovino e as emissões de dióxido de carbono
Quem explica é o site timeforchange.org.
“Uma vaca faz na liberação excedente entre 70 e 120 kg de metano por
ano. O metano é um gás de efeito estufa, como o dióxido de carbono
(CO2). Mas o efeito negativo do metano sobre o clima é 23 vezes maior
que o efeito do CO2. Portanto, a liberação de cerca de 100 kg de metano
por ano para cada vaca é equivalente a cerca de 2.300 kg de CO2 por
ano. Em todo o mundo, existem cerca de 1,5 bilhão de vacas e touros.
Todos os ruminantes (animais que regurgitam alimentos e re-mastigam)
emitem cerca de dois bilhões de toneladas equivalentes de CO2 por ano.
Além disso, a limpeza de florestas tropicais para obter mais terras de
pastagem e terras agrícolas é responsável por mais 2,8 bilhões de
toneladas métricas de emissão de CO2 por ano! “
Conclusão
A conclusão mais importante para nós é:
coma muito menos carne e laticínios. Esta é uma das formas mais eficazes
de reduzir a nossa pegada de carbono pessoal. E também reduzir o nosso
impacto negativo pessoal no meio ambiente.
Antibióticos em rios e no mar, de onde vêm? Estudo mostra situação alarmante
Um novo estudo analisou 72 rios
importantes do planeta. O que descobriram é inédito, os antibióticos
estavam presentes em 65% deles. Você já ouviu falar de ‘cepas de
bactérias resistentes a antibióticos’, não? De onde viriam estas
criaturas? Do brutal descarte que nós fazemos, depois que tomamos algum
antibiótico. Eles agem em nosso corpo, depois são descartados pela
urina, muitas vezes em rios e no mar. A poluição provocada ajuda a
acelerar a criação de novas cepas resistentes. É preciso lembrar que
somos hoje quase oito bilhões de pessoas. Em brevíssimo tempo, seremos
dez bilhões. Daí os novos, e estranhos problemas, como antibióticos em
rios e no mar. O planeta não está preparado para tanta gente. É preciso
mais discussão sobre temas tabus como o controle de natalidade.
Antibióticos em rios e no mar: Ásia e África
A CNN diz que, “Níveis
perigosos de contaminação foram encontrados com mais frequência na Ásia e
na África, segundo a equipe, com os locais em Bangladesh, Quênia, Gana,
Paquistão e Nigéria excedendo em muito os níveis de segurança. O pior
caso foi encontrado em um local em Bangladesh, onde as concentrações do
medicamento Metronidazole – que é usado para tratar infecções
bacterianas, incluindo infecções de pele e boca – excederam os níveis de
segurança em até 300 vezes.”
O antibiótico mais presente nos rios analisados
CNN: “Os pesquisadores procuraram 14 antibióticos comumente usados em suas amostras. Eles descobriram que o trimetoprim
– uma droga usada principalmente para tratar infecções do trato
urinário – em 43% das áreas testadas do rio, o que o torna o antibiótico
mais prevalente encontrado no estudo.”
Europa, América do Norte e América do Sul
Ainda a CNN: “Embora os
limites de segurança tenham sido mais frequentemente ultrapassados no
mundo em desenvolvimento, dados de locais na Europa, América do Norte e
América do Sul mostram que a contaminação por antibióticos é um
“problema global”, de acordo com os pesquisadores.”
Nem usinas de tratamento conseguem se livrar dos antibióticos
A National Geographic
também repercutiu o novo estudo. “Nosso organismo não decompõe os
medicamentos e o excesso é excretado na urina ou atinge o esgoto. Em
muitos países desenvolvidos, o esgoto – e sua carga de antibióticos –
passa por tratamento, mas nem mesmo as usinas de tratamento mais
modernas conseguem limpar todos os medicamentos. Em locais onde o esgoto
não é tratado, os antibióticos atingem rios e córregos de forma mais
direta.”
‘O que jogamos fora influencia o meio ambiente’
Alistair Boxall, um dos cientistas que liderou o estudo e químico ambiental da Universidade de York, no Reino Unido, declarou:
"De certa forma, é como o problema da poluição do plástico.
A questão é que não pensamos sobre o destino daquilo que descartamos e
tudo o que jogamos fora continua influenciando o meio ambiente."
Risco para a saúde humana ou ambiental?
A CNN destaca que, “John Wilkinson, pesquisador associado de pós-doutorado do Departamento de Meio Ambiente e Geografia da Universidade de York,
que coordenou o trabalho de monitoramento, disse que “a parte realmente
importante do trabalho está começando a responder à pergunta: ‘e daí?’
Ou mais especificamente: “Essa contaminação representa um risco para a
saúde humana ou ambiental? No mês passado, as Nações Unidas classificaram a resistência a antibióticos, antivirais, antifúngicos e antiprotozoários como uma “crise global”.
As doenças resistentes a medicamentos causam pelo menos 700.000 mortes
em todo o mundo por ano, incluindo 230.000 mortes por tuberculose
multirresistente, de acordo com um relatório do Grupo de Coordenação Interagências sobre Resistência Antimicrobiana das Nações Unidas.”
Ação global para minimizar antibióticos em rios e no mar
Sem uma ação global concentrada, os
autores do relatório da ONU estimam que até 20 milhões de pessoas por
ano podem morrer de doenças resistentes aos medicamentos até 2030.
Antibióticos no mar
Antes de minhas viagens à Antártica,
costumava entrevistar pesquisadores brasileiros sobre os vários
trabalhos que lá desenvolvem. Um dos que mais me impressionou foi o
professor Adauto Bianchini, Ciências biológicas, da FURG. Ele
estudava os elefantes marinhos da Antártica, atrás de soluções para o
obesidade humana. Ao analisar o sangue dos animais, Bianchini descobriu compostos sintéticos,
remédios que são usados mundo afora, descartados pelo ser humano, e que
chegaram até o Continente Branco interferindo na fauna local. Outra
vez, em um bate-papo com Frederico Brandini, oceanógrafo, diretor do Instituto Oceanográfico da USP,
ele falou da quantidade absurda de restos de remédios, como o Prozac, e
outros, descartados pela urina humana nas praias brasileiras. Grande
parte permanece nas colunas de água dos oceanos.
“No mês de abril, Nova Iorque sediou a primeira conferência sobre cidades flutuantes sustentáveis, sob patrocínio da ONU, e coordenada por Marc Collins Chen, CEO da OCEANIX; o professor Nicholas Makris, do MIT Center for Ocean Engineering; e Richard Wiese, presidente do Explorers Club. Para
os organizadores, “as cidades flutuantes podem fazer parte do nosso
novo arsenal de ferramentas. Por exemplo, por causa da mudança
climática, as cidades estão cada vez mais em risco de inundações. Em Bangcoc, o terreno de algumas partes da cidade afundam cerca de dois centímetros por ano, segundo estimativas, enquanto o nível do mar no Golfo da Tailândia está subindo.“
Populações urbanas hoje
De acordo com os organizadores do
evento, “as populações urbanas em crescimento estão empurrando cada vez
mais as pessoas para perto da água.”
s ‘cidades flutuantes’ de Lagos, Nigéria. Imagem dailypost.ng.
Mais de 50% da população mundial, estimada em 7.4 bilhões de pessoas, vive no litoral. “Em Lagos,
Nigéria (pop. estimada em 7.9 milhões de pessoas) as classes pobres
responderam à falta de terra, transferindo a crescente população para
aldeias flutuantes nos arredores da cidade.” Obs: No Brasil ocorre o
mesmíssimo problema, como todos sabemos. Seja em Santos, Rio ou Recife,
assim moram milhares de pessoas.
Cidades flutuantes brasileiras. As populações excluídas do Recife foram
para cima do mar. Assim como as populações paulista, carioca, ou
amazonense…
Os desafios das cidades
Segundo o seminário, “os desafios
enfrentados por essas e outras cidades são assustadores, mas não
intransponíveis. No entanto, precisaremos de novas ferramentas e
abordagens para enfrentar os desafios que teremos nas próximas décadas.
As Cidades Flutuantes Sustentáveis nos dão a oportunidade de reimaginar como construímos, vivemos, trabalhamos etc.”
Casas fulgurantes de Seatle. Imagem, www.seattleafloat.com.
Alguns exemplos
“Cidades como Seattle, Jacarta e Cidade do México
abriram caminho para os mercados de casas flutuantes por algum tempo.” O
Mar Sem Fim lembra que há dezenas de resorts cinco estrelas, ou seja,
para poucos, que utilizam a tecnologia das casas flutuantes incrementada
com muito luxo.
Resort cinco estrelas em palafitas na Indonésia.
O mar, aos poucos, começa a ser ‘colonizado. ‘Hoje, ilhas artificiais são construídas por vários países, seja para fins turísticos, ou geopolíticos.
A questão seria conseguir um preço extremamente baixo para um
determinado modelo de moradia, que pudesse ser aplicado aos casos das
populações excluídas.
O modelo da Oceanix
No evento de Nova Iorque a empresa Oceanix
apresentou alguns modelos. “A cidade seria constituída por inúmeras
plataformas hexagonais que podem conter cerca de 300 moradores. Os
hexágonos são considerados uma das formas
arquitetônicas mais eficientes. Ao projetar cada plataforma como um
hexágono, os construtores esperam minimizar o uso de materiais. Cada
grupo de seis plataformas é considerado pelos designers como uma espécie
de “aldeia”, que abarcaria 10 mil habitantes.
Os modelos que vimos desta empresa foram
obviamente pensados para cidades e países ricos. A empresa promete o
“cultivo oceânico”, que pressupõe o cultivo de alimentos sob a
superfície da água. Gaiolas acima das plataformas poderiam colher
vieiras, algas ou outras formas de frutos do mar. Os sistemas
utilizariam resíduos de peixes para ajudar a fertilizar as plantas.
Cultivo da vida marinha. Imagem, Oceanix.
Segundo a Oceanix, “as estruturas seriam
projetadas para resistir a todos os tipos de desastres naturais,
incluindo enchentes, tsunamis e furacões de categoria 5. Literalmente,
uma cidade flutuante e à prova de desastres.
Por estas explicações, vemos que as
casas flutuantes seriam construídas em locais de água limpa, caso
contrário não seria possível o cultivo da vida marinha. Mais um
indicativo que o modelo foi pensado para países desenvolvidos.
Mas ele poderia muito bem ser adaptados
às cidades mais pobres, de países em desenvolvimento. Quem sabe
conseguimos diminuir a assombrosa quantidade de palafitas paupérrimas
brasileiras?