Maior parque eólico marítimo do mundo é inaugurado no Mar da Irlanda
O Walney Extension, ao largo da costa da Cúmbria, no Reino Unido, tem área do tamanho de 20.000 campos de futebol. Capacidade de 659 megawatts, suficiente para abastecer o equivalente a 590.000 lares. O projeto mostra como a tecnologia eólica progrediu dramaticamente nos últimos cinco anos desde o término do maior parque anterior, o London Array. O novo parque usa menos da metade do número de turbinas, mas é mais potente, isso o tornou o maior parque eólico marítimo do mundo.
Em vermelho, a Cúmbria, nordeste da Inglaterra |
Reino Unido, número um do mundo em instalações eólicas offshore
Parques eólicos offshore fornecem quase
um décimo da eletricidade do Reino Unido. E dos dez maiores parques
eólicos do mundo, sete são ingleses. Confira quem é quem no gráfico
abaixo.
Ilustração:Guardian Graphic |
Ao contrário dos brasileiros, estes parques não destroem a paisagem
A grande vantagem dos parques eólicos ‘OFF SHORE‘
é que ninguém os vê. Se ninguém os vê, é porque não destroem a
paisagem. Estão longe o suficiente para cumprirem seu papel, gerando
energia limpa, sem banalizar um bem que pertence a todos, a paisagem,
mesmo sendo o maior parque eólico marítimo do mundo.
Está na hora do poder público brasileiro levar em conta a paisagem
Nosso litoral é dos mais belos do mundo.
Não há quem não se apaixone pela beleza do litoral brasileiro. Acontece
que o mundo mudou. Somos hoje 7,6 bilhões de pessoas no planeta, mais
de 50% morando no litoral. No Brasil, ultrapassamos os 200 milhões de
habitantes, e porcentagem ainda maior mora no litoral. Esse ‘mundo de
gente’ precisa espaço para morar, infraestrutura urbana, etc. Se não
tivermos políticas públicas que protejam o bem coletivo, no caso a
paisagem, as futuras gerações conhecerão um espaço desolado. Já basta a especulação imobiliária ou a ocupação desordenada, fenômenos que ocorrem em quase toda a orla. Agora temos este novo problema. As torres eólicas.
Quem viaja com frequência para o Nordeste, ou o Rio Grande do Sul, há
de ter visto o que estão se tornando aquelas praias: um imenso e
degradante paliteiro, embora a energia eólica seja muito importante.
O CONAMA
Segundo definição do site O Eco, “Órgão criado em 1982 pela Lei n º 6.938/81– que estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente -, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente
– SISNAMA. O CONAMA existe para assessorar, estudar e propor ao
Governo, as linhas de direção que devem tomar as políticas
governamentais para a exploração e preservação do meio ambiente e dos
recursos naturais. Também cabe ao órgão, criar normas e determinar
padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e
essencial à sadia qualidade de vida.”
Resolução 462/2014 permite torres eólicas em dunas, mangues, Mata Atlântica…
Pois apesar de seu papel de extrema
importância, fomos checar a posição do órgão quanto à instalação de
turbinas eólicas no litoral. Pode parecer incrível, e é, mas o CONAMA, em sua resolução 462/2014, aceita que sejam instaladas em áreas de dunas, mangues, Mata Atlântica, planícies fluviais, ‘e demais áreas úmidas‘…
Mundaú, Ceará, pitoresca vila de pesca, na foz do rio de mesmo nome,
cercada de dunas, foi estragada pelas turbinas eólicas. Precisava mesmo?
Mundaú, Ceará, pitoresca vila de pesca, na foz do rio de mesmo nome, cercada de dunas, foi estragada pelas turbinas eólicas. Precisava mesmo? |
Apesar da energia eólica representar
apenas 1% da nossa matriz, o estrago já feito no litoral é enorme. O
País tem hoje pouco mais de 108 parques eólicos que totalizam 2,5 GW de
capacidade instalada. Como ficará nosso litoral quando crescerem os
parques eólicos e atingirem, digamos 10% de nossa matriz? Resistirá
nosso litoral? Creio que não.
Nos Estados Unidos
Os parques eólicos norte-americanos
também se deslocaram para o mar, pelo mesmo problema: a paisagem e o
vizinho incômodo. Ninguém quer ter ao seu lado um paliteiro de metal que
tira a graça e o charme do litoral, além de produzir zumbido e
trepidação no entorno. Os americanos, apesar de favoráveis à transição
para a energia limpa, exigiram que eles fossem para o mar, longe de tudo
e de todos. Custa mais caro, mas preserva um bem comum.
No Reino Unido
Os parques ainda vão crescer muito.
Recentemente o parlamento se comprometeu com um cronograma de leilões
com subsídios para energia limpa a cada dois anos, a partir de 2019.
O Walney Extension, maior parque eólico marítimo do mundo que não estraga a paisagem. |
Matthew Wright, diretor administrativo da empresa de energia dinamarquesa Ørsted, que desenvolveu o projeto, Walney Extension, declarou:
Assista ao vídeo da Walney Extension:"É outro ponto de referência em termos de escala. Isso – turbinas maiores, com menor quantidade de postes e mais espaçados uns dos outros – é realmente a forma dos projetos daqui para frente."
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