27 de fevereiro de 2015 por Michele Marques Baptista
Vamos começar com o que há de comum entre os dois: tornar os documentos históricos disponíveis ao público. A Biblioteca Nacional e o Arquivo Nacional existem para preservar a herança cultural nacional. Como parte de sua missão é servir o povo brasileiro, uma prioridade da Biblioteca Nacional é adquirir, organizar, preservar, proteger e sustentar para o uso presente e futuro da nação um registro completo da história brasileira. A missão do Arquivo Nacional é salvaguardar e preservar os registros de nosso governo, garantindo que as pessoas possam descobrir, usar e aprender com este patrimônio documental. Assim, ambos armazenam e protegem documentos, fotografias, cartazes, imagens em vídeo, áudio e muito mais. E o que é bem interessante é que as duas instituições tornam todos esses materiais acessíveis ao público. Então, você ou qualquer outra pessoa pode consultar e estudar aquilo que possuímos para entender o passado.
Mas voltemos à diferença fundamental. O que as duas instituições possuem em suas coleções e acervos difere por conta da maneira como os materiais chegam através de suas portas. O Arquivo Nacional, criado em 1838 (antigo Arquivo Público do Império), é detentor dos registros do país. Por lei, os registros “permanentemente valiosos” do governo federal devem vir para o Arquivo Nacional para custódia. Assim, qualquer registro, seja ele um documento manuscrito, mapa, rolo de filme, ou email criado no curso das tramitações federais, que se enquadra em uma categoria pré-determinada para ser mantido e preservado, é transferido para o Arquivo Nacional – quando a agência ou departamento que o criou não precisa se referir a ele por mais tempo. Lá você pode encontrar registros federais, como a Proclamação da República, a carta-testamento de Getúlio Vargas, o Ato Institucional Número Cinco, a carta do príncipe regente d. João, na qual ordena a abertura dos portos do Brasil, entre outros. Não tenho dados totais, mas acredito que o acervo do Arquivo Nacional seja da ordem de poucos bilhões de documentos.
Lei Áurea, carta de lei n° 3.353 pela qual
a princesa regente Isabel declara extinta a
escravidão no Brasil. Rio de Janeiro, 13 de
maio de 1888. Secretaria de Estado dos
Negócios da Agricultura, Comércio e
Obras Públicas
(acervo Arquivo Nacional)
maio de 1888. Secretaria de Estado dos
Negócios da Agricultura, Comércio e
Obras Públicas
(acervo Arquivo Nacional)
Enquanto isso, a Biblioteca Nacional, criada em 1810 (Real Biblioteca), é uma das maiores coleções de conhecimento e cultura do mundo, com tesouros em dezenas de línguas diferentes, que vão desde a Bíblia de Mogúncia, um dos primeiros incunábulos conhecidos; a Gramática de João de Barros, a primeira em Língua Portuguesa e único exemplar de que se tem notícia; A História da Província de Santa Cruz, de Gandavo, um dos primeiros relatos sobre o descobrimento do Brasil; o livro Sacramental, a primeira obra impressa em Língua Portuguesa; mapas dos navegadores portugueses; músicas de Chiquinha Gonzaga; e os rascunhos de Carlos Drummond de Andrade. A Biblioteca Nacional recebe milhares de objetos por dia, que chegam em sua caixa de entrada através de uma série de meios. Como depósito legal, a Biblioteca recebe uma cópia de todos os itens registrados para direitos autorais do país. Ela também opera parcerias ao redor do mundo para trazer e distribuir materiais de outros países. Alguns dos objetos e coleções consideradas marco da biblioteca, foram doados por indivíduos ou grupos, ou adquiridos por meio de convênios internacionais.
Carta do achamento, Pero Vaz de Caminha
ao rei D. Manuel,
dando notícias do descobrimento
da terra de Vera Cruz, hoje Brasil
pela armada de Pedro Álvares Cabral
(acervo Biblioteca Nacional)
ao rei D. Manuel,
dando notícias do descobrimento
da terra de Vera Cruz, hoje Brasil
pela armada de Pedro Álvares Cabral
(acervo Biblioteca Nacional)
Apesar de (e por causa) de suas diferenças, a Biblioteca Nacional e o Arquivo Nacional são ambos ótimos lugares para localizar fontes primárias em uma ampla variedade de mídias para a pesquisa. Bibliotecários e arquivistas investiram grandes esforços nos últimos anos em projetos de digitalização, que permite acesso à milhares de materiais – anteriormente acessíveis somente mediante visita física – e ao mesmo tempo preservando os originais do constante manuseio. Esse investimento é justificado a medida que mais pessoas conheçam e reconhecam os tesouros disponibilizados por essas instituições.
Visite seus catálogos e sites dedicados para visualizar, sem sair de casa, materiais digitalizados que representam a herança cultural nacional. Nos catálogos digitais você pode encontrar mateirais como fotografias antigas da principais cidades do Brasil, fotos das viagens de Dom Pedro II ao redor do mundo, documentos sobre o tráfico de escravos, partituras musicas e mp3s de discos de 10 polegadas (78 RPM) do repertório brasileiro.
acessivel em http://www.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=166
acessível em http://www.exposicoesvirtuais.arquivonacional.gov.br/
Biblioteca Nacional Digital em http://bndigital.bn.br/
Hemeroteca Digital Brasileira em http://hemerotecadigital.bn.br/
Fonte: Blog da UCS
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