A cada vez que você respira, deveria agradecer aos Oceanos. O processo acontece através da fotossíntese produzida pelo estoque de fitoplâncton, algas minúsculas que raramente enxergamos. Sua massa é muito menor do que a das plantas continentais. Ainda assim, todos os anos as algas levam para o fundo dos oceanos 50 bilhões de toneladas de dióxido de carbono
(em parte produzidos por nossos carros…), gás causador do efeito
estufa. O dióxido de carbono é transformado em matéria
orgânica. Oceanos, serviços e importância, hora de conhecê-los melhor.
Oceanos, serviços e importância. (Foto: wikipedia) |
Geração de vida no planeta Terra
Ela surgiu primeiramente no mar.
Aos poucos as criaturas marinhas foram se modificando, se adaptando à
vida nos continentes. Mas foi o ‘imenso e possível oceano’ que, pela
primeira vez, gerou vida no planeta.
Serviços: fornecimento de oxigênio para que respiremos
Ao produzir a fotossíntese, as algas
retiram da atmosfera o dióxido de carbono e o depositam no fundo do mar,
evitando que se acumulem na atmosfera acirrando o aquecimento global. Relatório, com o sugestivo nome, “O planeta está em uma encruzilhada”, apresentado durante o Congresso Mundial da Conservação- 2016, Havaí, diz que…
"desde 1970 os oceanos absorveram 93% do calor causado pelos gases do efeito estufa"O mesmo relatório informa que…
"…não fosse por este serviço,a Terra teria aquecido em mais 36ºC…"
Sylvia Earle, em seu A Terra é Azul, explica: ” A
maior parte da ação se inicia com a luz solar. Ela é convertida em
açucares simples e oxigênio nas células de trilhões de organismos
microscópicos mundiais de clorofila, dióxido de carbono e água. Dessa forma, uma quantidade expressiva de dióxido de carbono fica retida nos oceanos. Enquanto isso, grandes proporções de oxigênio são devolvidos à atmosfera.”…E prossegue: “Um tipo de cianobactéria conhecido como Prochlorococcus é tão abundante (cerca de 100 octilhões vivas neste momento) que, sozinho, é responsável por cerca de 20% do oxigênio atmosférico. Outros fotossintetizantes marinhos contribuem com mais de 50% do nosso oxigênio. Teríamos dificuldade para respirar se dependêssemos apenas de árvores, grama e outras plantas de terra firme.”
Oceanos regulam o clima na Terra
Os oceanos regulam o clima na Terra através
da interação entre as correntes marinhas e a atmosfera. O site
nationalgeographic.org diz que “fluxos de massa de água, ou correntes,
são essenciais para entender como a energia de calor se move entre os corpos de água da Terra, massas terrestres e atmosfera. O oceano cobre 71 por cento do planeta e contém 97 por cento de sua água, tornando o oceano um fator chave no armazenamento e transferência de energia térmica em todo o mundo. O
movimento desse calor através das correntes oceânicas locais e globais
afeta a regulação das condições climáticas locais e extremos de
temperatura.”
As correntes marinhas têm papel fundamental
As correntes oceânicas estão localizadas
na superfície. E também em águas profundas abaixo de 300 metros. Elas
podem mover a água horizontalmente e verticalmente e ocorrem em escalas
locais e globais. O oceano tem um sistema interligado de
corrente ou circulação, alimentado pelo vento, marés, rotação da Terra
(efeito Coriolis), pelo Sol (energia solar) e as diferenças de densidade
da água. A topografia e a forma das bacias oceânicas e das massas de terra próximas também influenciam as correntes.
O livro Amazônia Azul
resume: “O oceano é uma enorme máquina térmica. O Sol aquece nas zonas
tropicais e o calor armazenado na água é restituído à atmosfera nas
latitudes mais elevadas (polos) estabelecido um equilíbrio térmico.”
Onde fica a água no planeta Terra?
Você já reparou que a NASA, ao estudar
um planeta para o qual pretende enviar alguma nave, a primeira coisa que
faz é identificar se o astro tem água? Por que? Porque sem água não há vida. O
único planeta até agora descoberto, que tem água em abundância em
estado líquido, é a Terra. Talvez isso explique por que a vida só foi
descoberta neste mesmo planeta.
‘Oceanos retém 97% da água da Terra, sem o ‘Azul não teria o Verde’
Mais uma vez recorremos à Sylvia Earle: ” Os oceanos retém 97% da água da Terra e abriga 97% de sua biosfera. O
mar controla a química do planeta, lançando na atmosfera a mesma água
que voltará para a terra e para o mar através da chuva, da neve, e do
granizo, reabastecendo continuamente rios, lagos e aquíferos
subterrâneos.” Ela conclui: “sem o azul não haveria o verde.”
A ‘economia’ dos oceanos: US$ 3 trilhões até 2030
O consultor chefe do Reino Unido, Mark Walport, aponta oportunidades na exploração da “economia do oceano”, mercado que deve dobrar de tamanho, para US$ 3 trilhões (R$ 9,9 trilhões), até 2030.
O relatório mostra a necessidade do mundo ter o mesmo ânimo que
demonstrou na exploração de Marte ou da Lua, só que, neste caso, para explorar os oceanos.
Oceanos do mundo e valor estimado US$ 24 trilhões!
O site do telegraph.co.uk/ diz que “os oceanos do mundo têm um valor monetário estimado de US $ 24 trilhões, de acordo com um novo relatório. Se os oceanos fossem uma nação, eles constituiriam a sétima maior economia do mundo, ficando atrás apenas da Grã-Bretanha, mas à frente de países como Brasil, Rússia e Índia, disse a WWF.
Empregos gerados diretamente pelos oceanos
No Índice de Saúde do Oceano, os Empregos Marinhos abrangem meios de subsistência dependentes da costa. Embora o objetivo inclua nove setores marinhos diferentes, o componente de empregos marítimos examina apenas 5 deles: 1) Turismo 2) Energia das Ondas e das Marés 3) Maricultura 4) Observação de Mamíferos Marinhos e 5) Pesca.
O turismo é o número 1
O turismo marítimo e costeiro compõe o maior segmento da indústria mundial de turismo e viagens, é responsável por mais de 200 milhões de empregos em todo o mundo
O turismo cresceu de 6% a 8% ao ano desde 1985, e mais rápido nos países menos desenvolvidos (PMDs). É a principal fonte de ganhos em moeda estrangeira em 46 dos 49 países menos desenvolvidos. (Mel e Krantz, 2007; CREST, 2009).
Oceanos, serviços e importância |
O oceanwealth.org/ diz que os recifes de corais são o exemplo do turismo baseado na natureza. Mais de 350 milhões de pessoas viajam anualmente para as costas dos recifes de corais do mundo.
Turismo de observação
O interesse pela megafauna marinha, como tubarões,
baleias, golfinhos e tartarugas, cresceu. Enquanto alguns destes
animais ainda são caçados, o seu valor para os pescadores é ofuscado
pelo seu valor potencial na indústria do turismo quando estão vivos. Estima-se
que cerca de 600.000 pessoas gastem mais de US$ 300 milhões anualmente
para ver tubarões, garantindo cerca de 10.000 empregos em todo o mundo. Em Palau, por exemplo, uma população estimada de 100 tubarões está apoiando US $ 18 milhões em tubarões por ano.
Alguns dados de turismo marinho:Oceanos, serviços e importância: algumas atividades turística e empregos gerados |
A dependência humana do mangue; da industria da pesca; a produtividade dos corais; e das gramas marinhas:
Oceanos, serviços e importância: produtividade de alguns habitats |
A estocagem de dióxido de carbono por ecossistema marinho, mais um serviço prestado:
Oceanos, serviços e importância: a estocagem de dióxido de carbono |
Mais um serviço: a defesa da costa por ecossistema marinho:
Oceanos, serviços e importância |
Oceanos: nova fronteira da economia mundial
De acordo com a OCDE “para muitos o oceanos é a nova fronteira da economia. Ela abrange os setores de transportes marítimos, energia eólica, pesca, biotecnologia marinha, recursos naturais e sistêmicos. Cálculos preliminares com base na Base de dados sobre a Enocomia dos Oceanos, da OCDE, estimam a produção em 2010 em US$ 1,5 trilhões,
ou seja, aproximadamente 2,5% do valor bruto mundial. O petróleo e o
gás offshore representam um terço do valor total dos setores de
atividades relacionados ao oceano, seguidos do turismo marítimo e
costeiro, equipamento marítimo e portos. O emprego direto acrescentou
cerca de 31 milhões de postos de trabalho em 2010. Os maiores empregadores foram a pesca industrial com mais de um terço do total.
Dados da FAO: a subsistência humana e os oceanos
A FAO estima que a pesca e a aquicultura asseguram a subsistência de 10 a 12% da população mundial,
com mais de 90% das pessoas empregadas pela pesca de captura
trabalhando em operações de pequena escala nos países em
desenvolvimento. Em 2014, a pesca produziu cerca de 167 milhões de toneladas de peixe e gerou mais de US $ 148 bilhões em exportações, garantindo acesso à nutrição para bilhões de pessoas e representando 17% do total de proteína animal global – ainda mais em países pobres.
Extração mineral nos Oceanos
Embora seja uma atividade híper impactante,
destruindo o subsolo marinho, ela vem crescendo. A tendência no futuro
breve é que aumente exponencialmente. Basta lembrar que, em 2010, havia
mais de 620 plataformas móveis de perfuração de petróleo offshore no
mundo (fonte: wikipedia.org). Mas ainda há gás. Só na “Zona Clarion-Clipperton, acredita-se haver mais de 27 bilhões de toneladas de nódulos, contendo sete bilhões de toneladas de manganês, 340 milhões de toneladas de níquel, 290 milhões de toneladas de cobre e 78 milhões de toneladas de cobalto.” Muitos destes minerais já vêm sendo explorados embora a tecnologia seja rude, e potencialmente perigosa.
A indústria e os sulfetos maciços
Mas agora a indústria está focando na extração de sulfetos maciços
(SMS) do fundo do mar contidos no que são chamados ‘black smokers’, um
tipo de fonte hidrotermal. São estruturas semelhantes a chaminés que
emitem uma nuvem de material preto e partículas com altos níveis de sulfetos, como cobre, zinco, chumbo, prata e ouro ( mining-technology.com).
Felizmente ainda não há tecnologia para explorar as chaminés profundas,
situadas em média a 4 mil metros de profundidade. Mas que virão, é
questão de tempo. Chegará o dia que serão explorados como os diamantes, cascalho e areia são extraídos das águas costeiras durante décadas (worldoceanreview.com).
Outro serviço: produção de energia
Há várias formas para se produzir energia no mar. Entre elas as usinas de marés, os campos eólicos no mar e, infelizmente, na zona costeira.
E ainda há usinas aproveitando as correntes marinhas. Geradas a partir
de uma combinação de temperatura, vento, salinidade, batimetria e
rotação da Terra. O Sol age como a principal força motriz, causando
ventos e diferenças de temperatura. Podem ser locais adequados para a
implantação de dispositivos de extração de energia, como turbinas. e
outras. A última coqueluche é a energia provida pelas ondas.
Oceanos, serviços e importância: veja como funciona a geração de energia pelas ondas
Pesca
Ela é citada em vários tópicos da
matéria. Não avançamos mais porque está claro que, apesar dos empregos
gerados, e da proteína que alimenta milhões de pessoas, a pesca do modo
que é praticada hoje é a maior ameaça à vida nos oceanos. Mas não deixa
de ser mais um importante serviço prestado desde tempos imemoriais.
Hoje, até mesmo o alto- mar
não é poupado. De atividade sustentável no passado, passou a ser
totalmente insustentável a ponto dos subsídios mundiais à atividade
atingirem a estratosférica soma de US$ 35 bilhões de dólares.
A cura de doenças
Este é um campo de estudos ainda
recente. Mesmo assim muitas espécies são estudadas para a cura de
doenças. Ela pode vir de um simples tubarão (osteoporose), ou de outros organismos, como escamas de peixes. Muitas doenças como a AIDS, leucemia, e herpes
já usam organismos marinhos sintetizados em suas fórmulas.
A Organização Mundial da Saúde revela que os já conhecidos antibióticos
não tem mais efeitos. A substituição pode vir do mar.
Fonte: Mar Sem Fim
Nenhum comentário:
Postar um comentário