Poluição provoca irritação nos olhos, narinas e, ainda, agrava sintomas de rinite alérgica em moradores da cidade
Foto: Fábio Dutra/JA
Medidor de qualidade do ar está em atividade há dois anos. Fase atual é
de estudos e análises. Sistema é o primeiro a ser implantado na América
Latina
Em função de abrigar uma zona industrial, Rio
Grande está sujeita aos fortes impactos da poluição provocada pelas
fábricas. Um desses impactos é na pureza do ar, afetado pelo contato de
poluentes, provenientes das chaminés das indústrias de insumos
fertilizantes, carregadas de amônia, que provocam sintomas sentidos tanto no ecossistema quanto pelos moradores do Município.
Para monitorar tal situação, foi implantado na cidade
um medidor de qualidade do ar, porém, como muitos desses poluentes não
tem limites estabelecidos, atualmente, o projeto encontra-se em fase de
estudos, para estabelecer padrões exclusivos para a cidade.
A poluição sentida
Segundo informações de quem percorre o trajeto
Cassino-Centro todos os dias, pela parte da manhã e da tarde, o cheiro,
proveniente das fábricas de fertilizante do local, é mais intenso no
período da tarde, e faz arder muito as narinas.
"Parece que é uma fumaça líquida, pois percebo respingos de chuva no capacete que uso", aponta a jornalista Anete Poll, motociclista.
No mesmo período, ela relata que seus olhos ardem, o que deixa sua
visão comprometida para a condução do seu veículo. “O cheiro forte faz com que eu abra a viseira para tomar ar, e aí tudo se torna pior. É ruim se eu fico ‘enclausurada’ no capacete, mal respirando também”, comenta.
Segundo a motociclista, em dias nublados, a problemática se torna ainda mais intensa. “É muito ruim para conduzir naquela área. Quem está dentro do carro sente menos, mas nós, motociclistas, sentimos muito”, expõe.
A professora Marcia Duarte Cunha também
sente os mesmos impactos da poluição no ar do Município. Mas, no caso
dela, os sintomas são agravados em função da rinite, condição
respiratória caracterizada por casos alérgicos. Marcia denunciou a
problemática nas redes sociais.
"Às vezes, é bem notório por volta do bairro Hidráulica e bairro Rural, não só na zona do porto ou na estrada da Barra. Às
vezes, dá até para visualizar, como se fosse uma névoa fina. No
entanto, sentimos os efeitos mais do que os vemos, pois minha filha e eu
sofremos com a rinite alérgica. Ardências no nariz, nos olhos e na garganta, são alguns dos sintomas que sentimos em contato com o ar poluído - evidencia ela.
Ainda, segundo a professora e a jornalista, é
possível enxergar e sentir, com maior nitidez, os efeitos da
problemática em dias nublados e chuvosos.
O que está sendo feito?
As empresas Timac Agro Indústria e Comércio de Fertilizantes Ltda. e Yara Brasil Fertilizantes S.A. firmaram, no dia 8 de janeiro de 2014, o Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público do Rio Grande.
Tal termo implantou um sistema de monitoramento da qualidade do ar, no
Polo de Fertilizantes do Município, porém, ainda, está em fase de testes
e estudos.
O projeto surgiu motivado pela forte ação da poluição
em diversas áreas da cidade, principalmente, na estrada da Barra, zona
industrial da cidade. Outro órgão, que atua em conjunto no projeto, é a Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler – Fepam.
Medidor
A qualidade do ar está, no momento, sendo estudada
pelo medidor do Município. Segundo informações apontadas pelo Promotor
de Justiça, José Alexandre Zachia Alan, da 1ª Promotoria de Justiça Especializada, não
existem níveis estabelecidos para os poluentes que se encontram no ar.
Assim, estão sendo efetivados vários estudos, com base nos resultados
apresentados nesses dois anos da instalação do aparelho. O objetivo
principal dessa ação é, nesse primeiro momento e após as análises, estabelecer um limite próprio de emissão de gases para a cidade,
o qual será monitorado para garantir a segurança e saúde dos habitantes
do Município. Ainda segundo informações do promotor, o sistema é o
primeiro a ser implantado na América Latina. A fase de testes se estende
até o final deste ano.
Por Hiago Reisdoerferhiago.reisdoerfer@gmail.com
Fonte: Jornal AGORA, notícia de 13/06/2016
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