sexta-feira, 17 de junho de 2016

Boto-cinza símbolo do Rio é achado morto na Baía de Guanabara

 


Abundantes na Baía de Guanabara na época da fundação da cidade, no século 16, os animais foram sumindo por conta da ação predatória do homem. Na década de 80, cerca de 400 botos povoavam a região. Atualmente, eram apenas 35 catalogados. Com a morte de Acerola, restam apenas 34.
O boto tinha marcas que indicam que foi capturado por uma rede de pesca e partes do corpo extirpadas com a ajuda de uma faca, segundo pesquisadores. A violência da morte do animal impressionou quem está acostumado a ver as agressões do homem contra a natureza.
“Pela primeira vez em 24 anos, encontramos um boto que teve a sua musculatura e uma camada de adiposidade arrancados, aparentemente com faca. Parte das vértebras foram arrancadas. Também houve uma tentativa de retirada da cauda”, explicou José Laílson, professor de Oceanografia da Uerj e coordenador do laboratório de animais aquáticos da instituição.
Pela maneira como o animal foi cortado, o oceanógrafo acredita que não foi alguém que costuma circular pela Baía de Guanabara, já que matar espécie em extinção é crime.
“Os pescadores que conhecemos na Baía não fariam isso. Provavelmente foi alguém estranho. Até porque é ilegal”, explicou José Laílson.
Acompanhado desde o nascimento
O boto-cinza que foi morto na Baía de Guanabara era monitorado pelos oceanógrafos da Uerj desde o nascimento, assim como todos os outros 34 que circulam pela região. O animal tinha dois anos de idade e ainda não tinha chegado à idade reprodutiva, a partir dos 6 anos. Os botos-cinza podem chegar a viver 30 anos de idade.
“Com os animais jovens morrendo, cada vez se torna mais difícil recuperar essa população”, sentencia o oceanógrafo.
E não só o animal era acompanhado pelos especialistas que cuidam para que os botos não desapareçam da Baía de Guanabara. Toda a sua família também. A mãe do boto e o irmão também são estudados pelos oceanógrafos da Uerj. Tanto que até tinha nome: o boto que foi morto era o Acerola e o irmão se chama Laranjinha, em uma referência aos dois protagonistas da série “Cidade dos homens”.
A Baía de Guanabara, lar dos botos, será o cenário das provas de vela da Olimpíada do Rio de Janeiro. A meta de despoluição de 80% das águas não foi cumprida, mas o projeto chegou a receber R$ 10 bilhões em verbas.
Em julho do ano passado, um estudo pedido pela agência de notícias Associated Press (AP). As análises encontraram níveis perigosamente altos de vírus e bactérias de esgoto humano em locais de competições olímpicas e paralímpicas. Esses resultados alarmaram especialistas e preocuparam os competidores, além de repercutir na imprensa internacional.
Com a crise nas finanças do Estado do Rio de Janeiro e com cortes nos gastos com pesquisa e meio ambiente, os especialistas relatam que o trabalho de monitoramento dos animais que ainda sobrevivem nas águas da Baía de Guanabara ficou mais complicado e que alguns profissionais chegaram a ficar quatro meses sem receber salário no ano passado.

Fonte: Leia a matéria completa em  G1 



 

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