terça-feira, 27 de março de 2018

Fossa das Marianas, 11 mil metros: encontrada vida exuberante nas profundezas

Fossa das Marianas, apesar da vida marinha, local foi proposto para ser depósito de resíduos nucleares

Ela é o local mais profundo dos Oceanos. Situa- se  no Pacífico, a leste das Ilhas Marianas, na fronteira entre as placas tectônicas do Pacífico e das Filipinas. Nossa ignorância sobre os oceanos é tão abissal quanto ela. No passado recente, a Fossa das Marianas foi proposta para ser local de depósito de resíduos nucleares! E esta não foi a única vez que o oceano foi considerado como  depósito de lixo radioativo. O mesmo absurdo aconteceu no Ano Geofísico internacional 57- 58.

A descoberta da Fossa das Marianas

A  descoberta foi produto da viagem do Challenger, exploração britânica de volta ao mundo entre 1872 e 1876, percorrendo 127 mil quilômetros. A influência da exploração do Challenger foi tamanha que o estudo do mar, a partir daí, foi encarado  como uma disciplina legítima a que foi dada o nome de Oceanografia.

A formação da Fossa das Marianas

De acordo com a National Geographic, “as zonas de subdução ocorrem onde uma parte do fundo do mar – neste caso, a placa do Pacífico – mergulha abaixo de outra, a placa das Filipinas. Embora as forças tectônicas acabem por deformar a placa do Pacífico para que ela faça um mergulho quase vertical no interior da Terra, no fundo do mar a placa mergulha em um ângulo menos abrupto.” Uma das razões pelas quais a Fossa das Mariana seja tão profunda,  é porque o Pacífico Ocidental abriga alguns dos mais antigos fundos marinhos do mundo – cerca de 180 milhões de anos. Outro fator, é que a Fossa das Marianas está longe da foz de qualquer rio que, normalmente, despeja lama no mar.

Fundo submarino formado por lavas

fundo dos oceanos é formado por lava em cumes. Quando é fresca, a lava é comparativamente quente e flutuante, subindo alto no manto de água subjacente. Mas, à medida que envelhece e afasta-se da sua fonte, a lava esfria lentamente e torna-se cada vez mais densa, fazendo com que  se assente sempre mais baixo. Esse é o caso da Fossa das Marianas.

Os primeiros a chegarem ao fundo da Fossa das Marianas

Aconteceu muito recentemente, em 1960, quando o batiscafo Trieste, da marinha dos Estados Unidos, tripulado pelo tente Don Walsh e o cientista Jacques Piccard participaram da expedição.
O batiscafo Trieste, o primeiro a descer. (Foto:http://zinkabaut.com/)
 A descida e subida demorou 9 horas. Os dois exploradores ficaram por 20 minutos no ponto mais profundo dos oceanos. A profundidade é tal que dentro caberia o Everest e ainda sobraria espaço.

Segundo o escritor  Bill Bryson, em seu livro Breve História de Quase Tudo (Ed. Cia das Letras), a aventura nunca mais foi repetida em parte porque a Marinha dos Estados Unidos se negou a financiar novas missões  porque “a nação estava prestes a se voltar para as viagens espaciais e a missão de enviar um homem à Lua. Isso fez com que as investigações do mar profundo parecessem sem importância e um tanto antiquadas. Mas o fator decisivo foi a escassez de resultados do mergulho do Trieste”.

Escassez de resultados do Trieste: entenda por quê

A pressão nestas profundidades, mil vezes maior que a nível do mar, é tão violenta que as janelas do Trieste, uma esfera de aço de 2 metros de diâmetro, eram do tamanho de moedas para não explodirem.

1985, ano de grandes descobertas

“Em 1985 o oceanógrafo Robert Ballard, que tornou-se famoso pela descoberta do Titanic, utilizou um ROV (Remotely operated underwater vehicle) e seu minisubmarino Alvin para fazer mais uma descoberta histórica em conjunto com o pesquisador Dedley Foster. Eles comprovaram que, ao contrário do que se supunha, abaixo da camada batipelágico situada entre 1000 e 4000 metros, volta a existir vida.”

Vida marinha a mais de 10 mil metros de profundidade

“Pelas imagens de Ballard e Foster, comprovou-se que graças aos componentes químicos e ao calor exalado pelos vulcões por delicadas “chaminés” encontrados nas Fossas Marianas há vida exuberante nas profundezas.  Ali há um incalculável número de espécimes vivos altamente desenvolvidos e adaptados à colossal pressão encontrada. As filmagens do ROV de Ballard e Foster mudaram para sempre parte da história da evolução da vida no planeta. E abriram um campo imenso para novas pesquisas.”

Março de 2012: o terceiro ser humano desce na Fossa das Marianas

Neste ano o  cineasta James Cameron foi o terceiro ser humano a conseguir a façanha. Ele desceu no submersível Deepesea Challenger até a parte mais profunda da Fossa das Marianas.

 Assista o vídeo do mergulho de James Cameron em:

Poluição na Fossa das Marianas

Apesar da dificuldade de acesso, estudos  mostram que a poluição provocada pelo ser humano já chegou até no fundo da Fossa das Marianas.

Uso da Fossa das Marianas como depósito de lixo radioativo

Matéria do www.sciencedirect.com/ informa que “os japoneses fizeram uma proposta para despejar resíduos em uma planície abissal a meio caminho entre Tóquio e as Marianas do Norte. A possibilidade foi discutida desde meados da década de 1970. A implementação da proposta foi adiada por causa dos protestos de Ilhéus do Pacífico. No início de 1985, o primeiro-ministro Nakasone disse  que a proposta não estava mais em consideração.”

Países europeus liderados pela Inglaterra despejaram resíduos nucleares nos oceanos

O mesmo texto diz que “quatro países europeus – liderados em volume pelo Reino Unido – despejaram resíduos nucleares de baixo nível anualmente em um local no Atlântico Nordeste até Fevereiro de 1983. Nesta ano uma proposta de moratória dos membros da 1972 London Dumping Convention  interrompeu as operações.”

Fontes:  Mar Sem Fim via https://pt.wikipedia.org/wiki/Fossa_das_Marianas; https://news.nationalgeographic.com/news/2012/04/120405-james-cameron-mariana-trench-deepsea-challenger-oceans-science/;http://www.bbc.com/portuguese/ciencia/2009/06/090603_submarinoroboml.shtml; https://www.sciencedirect.com/sdfe/pdf/download/eid/1-s2.0-0308597X8890036X/first-page-pdf. 



 

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