sexta-feira, 22 de junho de 2018

Importância dos corais, saiba por quê

Importância dos corais e suas ameaças mundo afora

Por sua biodiversidade, a importância dos corais é fundamental para a vida marinha. Eles são como as florestas tropicais para a fauna e flora mundiais. Não há nada que se compare aos corais no mar. Cerca de 1/4 de todas as espécies de peixes dependem deles para sobreviver.

O que são corais?

Uma das 900 ilhas, neste caso um atol, cercadas de corais por todos os lados. (foto:reiselustigunterwegs blogspot com br)

 

Corais são animais cnidários, formam colônias exclusivamente marinhas. O corpo deles é chamado de pólipo, uma estrutura cilíndrica em forma de saco, com uma cavidade interna que se abre apenas em uma extremidade: a boca.  Cada indivíduo em uma colônia de coral é chamado de pólipo. Um recife de corais é coberto por milhares de pólipos. Quando morrem, novos pólipos crescem por cima dos esqueletos e assim por diante.

A formação dos corais

Eles existem há cerca de 250 milhões de anos. Para que haja a formação de corais, acontece uma simbiose ou seja, uma associação entre espécies de corais e microalgas. Um depende do ouro. As algas vivem no interior dos corais. Como plantas, elas passam pela fotossíntese que libera compostos orgânicos para os corais. Estes, liberam produtos que fazem com as as algas sobrevivam e cresçam ao seu redor. 

Onde ficam os corais

Eles ocorrem principalmente em regiões de águas quentes, claras e rasas mas, nas últimas décadas, também foram registrados em águas profundas em vários países do mundo.
Os corais são encontrados em mais de cem países e territórios. Os recifes de coral distribuem-se formando um anel na região equatorial/tropical do globo terrestre. Ocorrem principalmente do lado ocidental dos oceanos Atlântico e Pacífico.
Os recifes de coral cobrem cerca de  284.300 km². A região do Indo-Pacífico (Mar Vermelho, Oceano Índico, Sudeste Asiático e Oceano Pacífico) contribui com a maior parte (91,9%). Os recifes do Oceano Atlântico e do Mar do Caribe têm 7,6% do total.

Quais são os tipos de corais

São três: os de franja, de barreira e o dos atóis. Os dois primeiros, são continentais; o terceiro,  oceânico. Os continentais  crescem nas margens continentais. Os oceânicos, em pleno oceano e quase sempre relacionados a montanhas submarinas.

Importância dos corais: 65% dos peixes dependem deles, remédios e proteção da costa

Como habitat marinho, é o mais rico de todos. Uma, em cada quatro espécies marinhas vive nos recifes. Incluindo 65% dos peixes. Mais de 5.000 espécies de peixes, 10.000 de moluscos e uma quantidade incontável de algas e crustáceos vivem e se reproduzem em torno das estruturas coralíneas. Protegem a costa da ação inesperada das ondas. São fontes de matéria-prima para pesquisas farmacológicas. Alguns tipos foram transformados em medicamentos para abaixar a pressão arterial, antibióticos, antitumorais, entre outros. Estima-se que 500 milhões de pessoas residentes em países em desenvolvimento tenham algum tipo de dependência dos serviços oferecidos por este ecossistema (Wilkinson, 2002).

Os maiores corais do mundo

 A Grande Barreira de Coral, da Austrália (que sofre imensas ameaças), é a maior formação recifal do planeta, com uma área contínua de 350.000 Km2. Ela tem 2.600 quilômetros de extensão, com a largura variando entre 30, até 740 quilômetros! Pode ser vista do espaço. Esta formação tem mais de 400 espécies  diferentes.

 
A importância dos corais. A Grande Barreira pode ser vista do espaço! 

 Em segundo vem a a barreira de corais de Belize. Em seguida, os recifes de Coral do Mar Vermelho – localizados ao longo da costa do Egito, com 1.900 Km de extensão. O recife da Nova Caledónia tem 1.500 km, no Oceano Pacífico. Barreira de coral Mesoamericana, com 943 Km, no Atlântico, próximo ao México, é outra das grandes formações. Uma medida de sua importância, foi a tomada por este país, o México, que fez seguro de seus corais. No mundo há mais de 2.000 espécies conhecidas.
A importância dos corais mesoamericos.

Ameaças aos corais no mundo: acidificação da água do mar

Uma das maiores é acidificação das águas marinhas em razão do aquecimento global. Os gases de Co2 são absorvidos pelas algas do fitoplâncton, a forma mais abundante de vida vegetal do planeta. Durante o processo de fotossíntese as algas ‘sequestram’ o dióxido de carbono, ao mesmo tempo em que o depositam no fundo do mar. No processo, produzem mais de 50% do oxigênio que respiramos. Mas, com o excesso  que está provocando  o aquecimento, a água dos oceanos, antes alcalina, está ficando mais ácida. E isso mata os corais. Esta é a grande charada da nossa geração. Turismo desordenado, poluição marinha, turbidez da água, pesca predatória , e até aterramento de corais (China) são outras ameaças.

Aquecimento provoca diminuição das algas do fitoplâncton: outra ameaça ao coral

As algas são fundamentais para o coral. Lembre-se da ‘simbiose’ explicada acima. A revista Nature  publicou os resultados de uma  pesquisa arrasadora. Ela aponta evidências que o aquecimento  está atacando a base da cadeia alimentar de vida marinha diminuindo a quantidade de algas do fitoplâncton.
Conclusão da pesquisa da Nature:
" nos últimos 60 anos houve queda de 40% das algas do fitoplâncton. De acordo com os cientistas, a diminuição estaria ligada ao aquecimento do planeta, e ao aumento da temperatura dos oceanos."

Importância dos corais na costa brasileira

O Brasil tem pequena variedade de corais  de águas rasas. Na costa brasileira há registros de 16 espécies de corais-pétreos ou verdadeiros e corais-de-fogo (escleractínios recifais, ou seja, formadores de recifes), distribuídas em 10 gêneros e oito famílias. Considerando todos os tipos , metade das espécies registradas no Brasil só ocorrem em nossas águas: de 46 espécies, 21 (46%) são exclusivas do Brasil.
Eles se estendem desde a foz do Amazonas (recentemente descobertos), até Nova Viçosa, no sul da Bahia, uma faixa de mais de 3.000 quilômetros, sem falar nas ilhas oceânicas como Atol das Rocas, Fernando de Noronha, e Abrolhos.
Abrolhos: maior concentração de corais do Atlântico Sul

Os corais do Atol das Rocas

Maus tratos aos corais brasileiros

O aquecimento global  está provocando o branqueamento dos corais. Os corais de Abrolhos, o maior banco do Atlântico Sul, já apresentam sintomas da praga.
Os corais do Nordeste sofreram abusos inacreditáveis. Até a década de 70 eram arrancados do mar com tratores ou ferramentas pesadas, e levados para a praia. Picados e colocados  em fogueiras, com madeira das matas adjacentes. O resultado do processo era a transformação do carbonato de cálcio dos corais em  cal.
Outra ameaça é a monocultura da cana-de-açúcar que ocupou o lugar da Mata Atlântica no Nordeste e, hoje, está praticamente ‘grudada’ à costa. Quando chove a água lava o chão da lavoura, a enxurrada vai pro mar provocando turbidez da água. Corais precisam receber luz, ou seja, precisam água limpa. Sem falar em agrotóxicos e outros produtos químicos que prejudicam as formações coralíneas.

Importância dos corais e o mito da infinitude

A falta de atenção com a saúde dos oceanos pode ser considerada uma ‘bobeira mundial’, alimentada pelo mito da infinitude. Hoje, o mundo civilizado corre atrás do prejuízo enquanto países irresponsáveis como o nosso, continuam ‘dormindo em berço esplêndido‘. Apesar de todas as novas reservas marinhas, criadas em 2015, 2016 e 2017 especialistas alertam que
"apenas pouco mais 2% da área total dos oceanos estão protegidos. Isso representa muito pouco. Há um longo caminho até chegarmos nos 30%, que é a área necessária a ser protegida se quisermos garantir a sustentabilidade dos organismos marinhos para as futuras gerações".
Fonte: Mar Sem Fim

Nenhum comentário:

Postar um comentário