Os direitos das futuras gerações, e a mídia, não se pode esquecê-los
Vivemos uma época sombria. No Brasil e
no mundo. Um dos fenômenos de hoje, chatésimo, é a epidemia do
‘politicamente correto’. Mais uma vez, acontece no Brasil e no mundo.
Já houve criança presa nos Estados Unidos por beijar um colega. No país
de Macunaíma, setores da mídia influenciados pelo fenômeno, decidem que
é hora de tratar todos igualmente. Isso é correto. E entopem sua grade
com os excluídos, pretensos, ou não: mulheres, pardos ou negros,
deficientes, às vezes; mas homossexuais quase sempre, em demasia ao
nosso ver. Só que, os direitos das futuras gerações não está entre eles.
Não é curioso?
Direitos das futuras gerações, Ilustração: www.huffingtonpost.com |
Os direitos das futuras gerações
De acordo com o site especializado,
jusbrasil.com.br, “Diante da atual conjuntura ecológica brasileira é
pertinente fazer uma reflexão sobre a importância do princípio
constitucional da solidariedade intergeracional. Este princípio está encartado na parte final do caput do art. 225 da Constituição Federal. E,
se consubstancia como norma assecuratória do direito de uso do bem
ambiental ecologicamente equilibrado para gerações futuras.”
Direitos das futuras gerações, Ilustração: aguaelan.com.br |
Estudos recentes
Estudo de Roberta da Silva, e Lucimery
Dal Medico, da Universidade Federal de Santa Catarina, lembra o tema
‘acerca da necessidade de uma nova postura ética dos seres humanos
frente ao direito das futuras gerações ao meio ambiente. Mas, sobretudo,
trata da sobrevivência da própria espécie humana no planeta.’ Sobre
isso, sobrevivência da espécie humana,
falamos recentemente. E este estudo não é único. Há dezenas deles,
todos com o mesmo mote. Tudo começou em 1972, quando a ONU convocou a…
Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em Estocolmo (Suécia)
De acordo com a própria organização,
“o evento foi um marco e sua Declaração final contém 19 princípios que
representam um Manifesto Ambiental para nossos tempos. Ao abordar a
necessidade de “inspirar e guiar os povos do mundo para a preservação e a
melhoria do ambiente humano”, o Manifesto estabeleceu as bases para a
nova agenda ambiental do Sistema das Nações Unidas:”
Quer prova maior que que questão é mundial?"Chegamos a um ponto na História em que devemos moldar nossas ações em todo o mundo, com maior atenção para as consequências ambientais. Através da ignorância ou da indiferença podemos causar danos maciços e irreversíveis ao meio ambiente, do qual nossa vida e bem-estar dependem. Por outro lado, através do maior conhecimento e de ações mais sábias, podemos conquistar uma vida melhor para nós e para a posteridade (ou as futuras gerações, obs. do mar sem fim), com um meio ambiente em sintonia com as necessidades e esperanças humanas…"
Por que esse excesso, de um lado, e parcimônia, do outro?
Sabe-se que o nível de ensino no país é
medíocre. A maior parte da população, hoje se informa por sites ou TV. E
quanto maior a audiência, mais responsabilidade a mídia deveria ter.
Então, acontece o que acontece com várias categorias da população já
citadas. E há os excessos. Em bom português, ‘forçação de barra’
(abordamos o tema no próximo tópico). E, simultaneamente, ao menos um
caso escapa à nossa compreensão: os direitos da futuras gerações, quanto
ao meio ambiente saudável, não são priorizados por parte da mídia.
Os excessos
Há uma mídia de massa que, em qualquer programa, seja de auditório, noticiosos, documentários, ou folhetins,
para ela parece só existirem os GLBTs que, repetimos, têm de ter seu
espaço. Mas não só eles. Trata-se de estratégia pra chamar atenção e
posar como audaz, mas ao ‘atender aos anseios da sociedade’ de forma
rasa, mesquinha, só faz piorar a situação. Porque se debruça no tema
menor, e esquece o maior. Onde está a responsabilidade sobre os direitos
das futuras gerações quanto a um meio ambiente saudável? Diga,
telespectador, quando foi a última vez que viu um programa/matéria
nesta mídia, sobre o tema do momento da ONU, da comunidade acadêmica mundial, e de ambientalistas (poucos infelizmente), os oceanos?
Opções na mídia de massa e o direitos das futuras gerações
Em São Paulo, e parte do Brasil, há
duas. Uma, privada, que não apela. Mas raramente aborda o assunto
atual, e prioriza os oceanos. Está na hora de mudar. O pessoal de lá é
bom. Já fizeram até programa com notório oceanógrafo. Rendeu tanto
material, que não fizeram um só episódio, mas dois.
Ela atinge menos pessoas, mas se fizer mais, quem sabe force a outra a
mudar. Uma terceira, que não atinge todo o Brasil, é bem diferente,
atua em nixos, por isso atinge ainda menos gente. Mas, independente
disso, em sua grade a Amazônia Azul é raridade, a ‘Verde’, entretanto, é
vedete. Está atrasada, não percebeu a mudança mundial.
Canais fechados
Nos canais fechados nacionais, há várias
que se dizem ‘informativas’ mas nelas, o tema do momento é ainda mais
raro. Passam horas despejando fofocas de Brasília, inócuas; ou
transmitem ao vivo os insuportáveis reizinhos da Justiça, com sua
incompreensível linguagem que só eles entendem. E nada sobre nossas
obrigações em ralação às futuras gerações.
Jornais
O Estadão costuma abrir espaço ao tema, tem até repórter especializado,Herton Escobar.
Já a Folha, comenta pontualmente. Acredito que ambos poderiam fazer
mais. Há dezenas de assuntos ligados ao tema que não chegam sequer às
elites que leem jornais. Como mudar a situação se nem elas conhecem os
problemas?
Revistas
Sobre revistas semanais noticiosas, não
dá nem vontade de falar. Escapam da mesmice duas jóias. Uma, a National
Geographic Brasil, que acaba de lançar o número de junho, mais uma vez
dedicado inteiramente aos oceanos e, desta vez focou um de seus maiores
problemas, o plástico. É um primor mas, infelizmente, não atinge a
massa. Outra, é a Scientific American Brasil, que também aborda o tema
com frequência. Mas atinge ainda menos pessoas. Curiosamente, as duas da
ponta são títulos estrangeiros lançados no país. Veja que curioso. Por
fim, há dezenas de outros títulos nacionais, algumas abrem espaço de vez
em quando, mas é raro, e de novo, são muito segmentadas.
Formadores de opinião também se omitem
Parte significativa destes privilegiados que puderam estudar, representados no país por empresários, profissionais liberais,
políticos, e autoridades; ou se omitem, ou dão exemplo contrário, a
prova é a operação Lava Jato que botou na cadeia parte deles. Corruptos e
corruptores, ou seja, empresários e políticos. Estão lá, lado a lado,
dois dos mais emblemáticos, um ex- presidente, e o maior empresário da
construção civil. Porque fizeram malfeitos e foram pegos desta vez.
Sobre as prisões, a mídia de massa as prioriza, porque sabe que o povo
não aguenta mais do mesmo. Mas, sobre os direitos das futuras gerações,
obrigação ética da nossa, não. Não é estranho?
Os Oceanos
"Nunca, em toda a história da vida na Terra, uma espécie alterou tanto o planeta, e em uma escala tão rápida, quanto a humanidade. Mudamos os cursos de rios, alteramos a composição química da atmosfera e dos oceanos, domesticamos plantas e animais a ponto de sermos considerados uma “força tectônica” no planeta. Esse impacto é tão forte que alguns cientistas estão propondo mudar a época geológica – deixaríamos o holoceno, que começou com o fim da era do gelo, e passaríamos ao antropoceno, a época dominada pelo homem."
A declaração é do cientista Carlos
Nobre, representante brasileiro do IPCC (Intergovernmental Panel on
Climate Change, que quer dizer, Painel Intergovernamental para a Mudança
de Clima).
Faça sua parte, seja cidadão
Até quando vamos ter mais do mesmo? Pense sobre isso, e faça sua parte. Estudo apresentado no Fórum Econômico Mundial, Davos, 2016, mostrou sem contestação, que a continuar neste ritmo, em 2050 haverá mais plástico que peixes, em peso, nos oceanos. Outro,
feito por dezenas de cientistas, e publicado na prestigiosa Science,
mostra que a pesca industrial, pelos excessos, estará acabada em 2048. E
a imprensa estrangeira, que prioriza o assunto ao contrário da nossa,
faz sua parte. E, ao fazê-lo, provoca mudanças até mesmo na legislação
norte- americana, Lei Magnuson-Stevens, que regula aspectos da insustentável pesca industrial que, no mundo, recebe subsídios de até US$ 35 bilhões de dólares! Diga qual atividade ‘sustentável’ precisa indecentes subsídios desta ordem? Enquanto isso, no Brasil, não há sequer estatísticas da pesca.
Apesar disso, parte da mídia de massa, que fala com o país, parece se
preocupar apenas com GLBTs, ou você já viu na tela matérias sobre estes
gravíssimos problemas dos oceanos?
É assim que vamos passar o planeta às futuras gerações, pedindo desculpas?
Pedindo desculpas pela m* que fizemos? (Ilustração:
www.slideshare.net)
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Ainda há tempo, depende de cada um de nós.
Ilustração de abertura: www.slideshare.net
Fonte: Mar Sem Fim
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