quantitativamente, os campos da ciência estão se tornando cada vez mais abrangentes, com o grau de interdisciplinaridade (entropia) intimamente ligado ao fator de impacto. A pesquisa quantificou a interdisciplinaridade das revistas científicas e campos da ciência, usando uma medida de entropia baseada na diversidade dos temas de revistas que citam uma revista específica.
Interdisciplinaridade é ligada ao fator de impacto
A metodologia consistiu na construção de 
redes de citações, utilizando o banco de dados do Journal of Citation 
Reports, onde as revistas foram assinaladas como pontos (ou nós), 
enquanto as arestas (links) foram estabelecidas com base nas citações 
entre periódicos. As conclusões do trabalho são descritas do artigo 
“Quantifying the interdisciplinarity of scientific journals and fields”,
 publicado em abril deste ano no Journal of Informetrics, assinado pelos
 professores Francisco Aparecido Rodrigues, do ICMC, Osvaldo Novais de 
Oliveira Junior, e Luciano da Fontoura Costa, do IFSC, e por Filipi 
Nascimento Silva, aluno de doutorado do IFSC.
As informações são retiradas das citações
 contidas na base de dados Web of Science, que dão um panorama de toda a
 ciência que se faz no mundo, por conter a maioria das revistas 
científicas. Cada revista tem os seus temas (subject categories), sendo 
que a metodologia aplicada nesse trabalho serve para medir a entropia — a
 métrica de interdisciplinaridade. Seguidamente, descobre-se de onde vêm
 as citações para uma determinada revista ou campo do conhecimento: se 
elas vierem de campos muito distantes, muito diferentes, isso dará uma 
entropia alta, ou seja, aquela revista ou campo tem alta 
interdisciplinaridade.
“É óbvio que temos uma ideia do mapa do conhecimento, só que neste 
trabalho podemos quantificar como as áreas são conectadas”, diz Oliveira
 Junior. “Mas, o mais importante é que a partir da entropia podemos 
saber quão diversificada é uma área, qual a natureza interdisciplinar de
 uma área científica ou mesmo de uma revista: isso pode servir para o 
estabelecimento de políticas editoriais para revistas ou para áreas de 
pesquisa, ou mesmo para agências de fomento, a partir das interconexões 
que são identificadas”.
Evolução da rede
O grupo responsável pelo trabalho 
observou a evolução da rede num período entre 10 a 12 anos. A partir da 
linha do tempo da interdisciplinaridade, percebeu que essa é uma medida 
crescente, ou seja, as áreas estão se tornando ainda mais 
interdisciplinares com o tempo: “Neste trabalho, mostramos que isso 
ocorre por meio de gráficos, que revelam uma análise quantitativa da 
interdisciplinaridade”, explica Oliveira Junior. “Além de ser útil para 
subsidiar políticas, esta quantificação. Por exemplo, com o mapa do 
conhecimento descobrem-se as conexões existentes em determinadas áreas, 
e, naqueles casos em que houver intuição de que as conexões deveriam ser
 feitas, mas ainda não o foram, podem-se induzir políticas para 
fazê-las”.
Para uma revista em particular, ou para 
um conjunto de revistas, as métricas podem ser importantes, até para 
mostrar seu perfil. Se esse perfil não está adequado, o comitê editorial
 dessa mesma revista pode fazer ajustes. Dando como exemplo a área de 
ciência de computação, que é central nos nossos dias para o 
desenvolvimento tecnológico, o fato é que, apesar de a temática ser 
central, as revistas dedicadas a essa área têm baixa 
multidisciplinaridade. Isso é surpreendente porque a computação está 
inserida em todas as áreas do conhecimento.
Na opinião de Oliveira Junior, a razão 
pela qual as revistas apresentam entropia baixa (baixa 
interdisciplinaridade) está no fato de elas terem políticas editoriais 
que privilegiam contribuições mais dedicadas à computação, propriamente 
dita, não dando destaque às aplicações de computação em outras áreas. 
“Essas revistas privilegiam, exatamente, os trabalhos que não são 
multidisciplinares”, ressalta.
As sociedades científicas são, segundo o pesquisador, as grandes aliadas
 para que as políticas editoriais possam ser modificadas, já que elas 
têm capacidade para fazer pressão junto aos corpos editoriais para que a
 política seja alterada, embora isso exija, também, uma mudança de 
cultura nas próprias áreas: em geral, isso também depende dos árbitros, 
que são independentes. Outro dado importante é o que o impacto de uma 
revista tem correlação positiva com a interdisciplinaridade, ou seja, as
 revistas mais multidisciplinares são as que têm maior impacto — embora 
existam exceções. O artigo original pode ser acessado em http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1751157713000096
Fonte :  Blog da UCS 

 
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