quinta-feira, 28 de junho de 2018

Aquicultura e pecuária e os estoques de peixes

Aquicultura e pecuária ameaçam os estoques de peixes, fato novo detetado em estudo

“Anchovas, arenques, sardinhas e outros peixes forrageiros (que servem como alimentação para criações) desempenham papel essencial na cadeia alimentar. Assim como aves marinhas, mamíferos marinhos e peixes maiores como salmão. Quando moídos em farinha de peixe e óleo, são a principal fonte de alimento para mariscos cultivados e os animais terrestres, como porcos e aves. Agora, novo estudo mostra que a aquicultura e pecuária colocam as espécies em perigo de extinção.” Matéria do site phys.org.
Peixes forrageiros

Aquicultura e pecuária e os estoques de peixes

‘O consumo de frutos do mar supera o crescimento de outros setores de alimentos. E continua a crescer em todo o mundo. Frutos do mar de criação – também chamados de aqüicultura – aumentaram rapidamente para atender à demanda. Significa que a agricultura aquática exerce maior pressão sobre os menores peixes colhidos para alimentar seus colegas de criação, como salmão, carpas e tilápias.’

O novo estudo

Apareceu on-line na Nature Sustainability. E mostra que, “se as práticas atuais de aquicultura e pecuária permanecerem inalteradas, os estoques de peixes forrageiros provavelmente estarão em perigo até 2050, possivelmente mais cedo. Mesmo se todos os estoques forem pescados de forma sustentável. A equipe, que inclui pesquisadores da Universidade da Califórnia, Santa Bárbara, e Universidade de Washington, descobriu que  mudanças sensatas eliminariam esse limiar.”

Crescimento da aquicultura para frutos do mar

“A aquicultura cresce cerca de 6% ao ano. Produz atualmente 75 milhões de toneladas de frutos do mar no mundo.  Pesquisadores acreditam que esta é a primeira tentativa de medir as demandas projetadas de peixes forrageiros para aquicultura e pecuária, considerando as medidas que podem ser tomadas para manter populações saudáveis ​​e estáveis ​​de peixes selvagens em vários setores.”

Alimentar peixe com peixe é sustentável?

“A aquicultura é o setor de alimentos que mais cresce no mundo. Superou a carne bovina. Assim como a produção de frutos do mar, ou peixes silvestres. Há muita preocupação com o uso de peixe. E, se o que estamos fazendo – alimentar peixe com peixe – é sustentável”, disse o principal autor Halley Froehlich, pós-doutorado no Centro Nacional de Análise e Síntese Ecológica da UC Santa Barbara.”

Peixes de cardume, os escolhidos

“Anchovas, sardinhas e outros peixes do tamanho da palma da mão, são espécies de cardume. Processados ​​em farinha de peixe e óleo para outros peixes e crustáceos que são criados em fazendas no mundo. Mas os estoques vivos também os comem.”
Carpas comem peixes forrageiros
“Na aqüicultura, carpas são algumas das maiores consumidoras de peixes forrageiros. Embora salmão e camarão não dependam delas para serem cultivados.” O salmão selvagem está próximo da extinção, motivo pelo qual passou a ser criado em fazendas. Sem, entretanto, bons resultados até o momento.

Simulações de computador para aliviar a pressão

“Os autores usaram simulações de computador. Examinaram cinco maneiras diferentes que setores de aquicultura, pesca e agricultura poderiam mudar para aliviar a pressão. Descobriram que a eliminação em alimentos para as carpas e outros peixes de água doce produz a maior economia de peixes forrageiros ao longo do tempo, em comparação com o modelo usual de negócios. Esses peixes não precisam comer outros (peixes) da natureza para sobreviver. Produtores alimentam-nos com farinha de peixe e óleo simplesmente porque ajuda a crescerem mais rápido.”
Importante:
Para cada quilo de farinha de peixe são necessários cerca de três quilos de peixe. Logo, a conta não fecha. Fica longe do mais propalado substantivo feminino hoje declinado: ‘sustentabilidade’.

Pecuária: suínos e aves também são alimentados com peixes forrageiros

“Também foi benéfico um cenário que removeu peixes forrageiros de rações para suínos e aves – tendência das últimas décadas. Projeções indicam que a recuperação das partes não utilizadas de peixes de criação e silvestres na China, e o processamento das aparas em farinha de peixe, ajudariam a esticar de forma sustentável, mas não resolver completamente o conteúdo de proteína dos peixes forrageiros.”

Atum e salmão de criação também se alimentam de peixes

“Ao modelar vários cenários, pesquisadores analisaram os maiores consumidores de peixes forrageiros, considerando a praticidade de remover essa fonte de alimento das dietas de várias espécies. Por exemplo, cortar peixe forrageiro de salmão de criação e dietas de atum é mais difícil porque esses peixes caçam outros peixes na natureza e precisam mais proteína animal para sobreviver. Tirá-lo de dietas de carpa e porco, porém, é menos prejudicial para o crescimento desses animais.”
Se você quer fazer a diferença, pare agora de consumir qualquer das espécies citadas, especialmente, o atum. Não há no horizonte outra solução que garanta biodiversidade marinha às futuras gerações. Ou isso, ou a opção de Cousteau (abaixo).

Quanto peixe os seres humanos comerão no futuro, quebracabeça do moto-perpétuo ao contrário

“O grande desconhecido, disseram, é quanto peixe os humanos vão comer no futuro se as dietas favorecerem cada vez mais os frutos do mar em detrimento de outras carnes. Esta tendência ascendente requer um mercado de aquacultura ainda maior, o que, por sua vez, exigiria mais peixes forrageiros para uso como alimento.”
Infelizmente, chegamos a mesma opinião de Jacques Cousteau: o controle populacional humano, e consequente diminuição da população, parece ser opção única do momento.

Fonte : Mar Sem Fim

 

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Lagoa dos Patos

A NASA disponibilizou uma belissima imagem Landsat 8 da Lagoa
dos Patos. 
 
https://oceancolor.gsfc.nasa.gov/cgi/image_archive.cgi?i=573 
 
 
Fonte: Secretaria IO/FURG

terça-feira, 26 de junho de 2018

Novos livros e fascículos de periódicos adicionados ao acervo

African Journal of Marine Science, 2018, volume 40(1)

Marine and freshwater research, 2018, volume 69(5)
Bulletin of the Museum of Comparative Zoology, 2018, volume 161, number 10
Marine biology research 2018, vol 14, no 1
Protrindade : programa de pesquisas científicas na Ilha da Trindade : 10 anos de pesquisa

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Importância dos corais, saiba por quê

Importância dos corais e suas ameaças mundo afora

Por sua biodiversidade, a importância dos corais é fundamental para a vida marinha. Eles são como as florestas tropicais para a fauna e flora mundiais. Não há nada que se compare aos corais no mar. Cerca de 1/4 de todas as espécies de peixes dependem deles para sobreviver.

O que são corais?

Uma das 900 ilhas, neste caso um atol, cercadas de corais por todos os lados. (foto:reiselustigunterwegs blogspot com br)

 

Corais são animais cnidários, formam colônias exclusivamente marinhas. O corpo deles é chamado de pólipo, uma estrutura cilíndrica em forma de saco, com uma cavidade interna que se abre apenas em uma extremidade: a boca.  Cada indivíduo em uma colônia de coral é chamado de pólipo. Um recife de corais é coberto por milhares de pólipos. Quando morrem, novos pólipos crescem por cima dos esqueletos e assim por diante.

A formação dos corais

Eles existem há cerca de 250 milhões de anos. Para que haja a formação de corais, acontece uma simbiose ou seja, uma associação entre espécies de corais e microalgas. Um depende do ouro. As algas vivem no interior dos corais. Como plantas, elas passam pela fotossíntese que libera compostos orgânicos para os corais. Estes, liberam produtos que fazem com as as algas sobrevivam e cresçam ao seu redor. 

Onde ficam os corais

Eles ocorrem principalmente em regiões de águas quentes, claras e rasas mas, nas últimas décadas, também foram registrados em águas profundas em vários países do mundo.
Os corais são encontrados em mais de cem países e territórios. Os recifes de coral distribuem-se formando um anel na região equatorial/tropical do globo terrestre. Ocorrem principalmente do lado ocidental dos oceanos Atlântico e Pacífico.
Os recifes de coral cobrem cerca de  284.300 km². A região do Indo-Pacífico (Mar Vermelho, Oceano Índico, Sudeste Asiático e Oceano Pacífico) contribui com a maior parte (91,9%). Os recifes do Oceano Atlântico e do Mar do Caribe têm 7,6% do total.

Quais são os tipos de corais

São três: os de franja, de barreira e o dos atóis. Os dois primeiros, são continentais; o terceiro,  oceânico. Os continentais  crescem nas margens continentais. Os oceânicos, em pleno oceano e quase sempre relacionados a montanhas submarinas.

Importância dos corais: 65% dos peixes dependem deles, remédios e proteção da costa

Como habitat marinho, é o mais rico de todos. Uma, em cada quatro espécies marinhas vive nos recifes. Incluindo 65% dos peixes. Mais de 5.000 espécies de peixes, 10.000 de moluscos e uma quantidade incontável de algas e crustáceos vivem e se reproduzem em torno das estruturas coralíneas. Protegem a costa da ação inesperada das ondas. São fontes de matéria-prima para pesquisas farmacológicas. Alguns tipos foram transformados em medicamentos para abaixar a pressão arterial, antibióticos, antitumorais, entre outros. Estima-se que 500 milhões de pessoas residentes em países em desenvolvimento tenham algum tipo de dependência dos serviços oferecidos por este ecossistema (Wilkinson, 2002).

Os maiores corais do mundo

 A Grande Barreira de Coral, da Austrália (que sofre imensas ameaças), é a maior formação recifal do planeta, com uma área contínua de 350.000 Km2. Ela tem 2.600 quilômetros de extensão, com a largura variando entre 30, até 740 quilômetros! Pode ser vista do espaço. Esta formação tem mais de 400 espécies  diferentes.

 
A importância dos corais. A Grande Barreira pode ser vista do espaço! 

 Em segundo vem a a barreira de corais de Belize. Em seguida, os recifes de Coral do Mar Vermelho – localizados ao longo da costa do Egito, com 1.900 Km de extensão. O recife da Nova Caledónia tem 1.500 km, no Oceano Pacífico. Barreira de coral Mesoamericana, com 943 Km, no Atlântico, próximo ao México, é outra das grandes formações. Uma medida de sua importância, foi a tomada por este país, o México, que fez seguro de seus corais. No mundo há mais de 2.000 espécies conhecidas.
A importância dos corais mesoamericos.

Ameaças aos corais no mundo: acidificação da água do mar

Uma das maiores é acidificação das águas marinhas em razão do aquecimento global. Os gases de Co2 são absorvidos pelas algas do fitoplâncton, a forma mais abundante de vida vegetal do planeta. Durante o processo de fotossíntese as algas ‘sequestram’ o dióxido de carbono, ao mesmo tempo em que o depositam no fundo do mar. No processo, produzem mais de 50% do oxigênio que respiramos. Mas, com o excesso  que está provocando  o aquecimento, a água dos oceanos, antes alcalina, está ficando mais ácida. E isso mata os corais. Esta é a grande charada da nossa geração. Turismo desordenado, poluição marinha, turbidez da água, pesca predatória , e até aterramento de corais (China) são outras ameaças.

Aquecimento provoca diminuição das algas do fitoplâncton: outra ameaça ao coral

As algas são fundamentais para o coral. Lembre-se da ‘simbiose’ explicada acima. A revista Nature  publicou os resultados de uma  pesquisa arrasadora. Ela aponta evidências que o aquecimento  está atacando a base da cadeia alimentar de vida marinha diminuindo a quantidade de algas do fitoplâncton.
Conclusão da pesquisa da Nature:
" nos últimos 60 anos houve queda de 40% das algas do fitoplâncton. De acordo com os cientistas, a diminuição estaria ligada ao aquecimento do planeta, e ao aumento da temperatura dos oceanos."

Importância dos corais na costa brasileira

O Brasil tem pequena variedade de corais  de águas rasas. Na costa brasileira há registros de 16 espécies de corais-pétreos ou verdadeiros e corais-de-fogo (escleractínios recifais, ou seja, formadores de recifes), distribuídas em 10 gêneros e oito famílias. Considerando todos os tipos , metade das espécies registradas no Brasil só ocorrem em nossas águas: de 46 espécies, 21 (46%) são exclusivas do Brasil.
Eles se estendem desde a foz do Amazonas (recentemente descobertos), até Nova Viçosa, no sul da Bahia, uma faixa de mais de 3.000 quilômetros, sem falar nas ilhas oceânicas como Atol das Rocas, Fernando de Noronha, e Abrolhos.
Abrolhos: maior concentração de corais do Atlântico Sul

Os corais do Atol das Rocas

Maus tratos aos corais brasileiros

O aquecimento global  está provocando o branqueamento dos corais. Os corais de Abrolhos, o maior banco do Atlântico Sul, já apresentam sintomas da praga.
Os corais do Nordeste sofreram abusos inacreditáveis. Até a década de 70 eram arrancados do mar com tratores ou ferramentas pesadas, e levados para a praia. Picados e colocados  em fogueiras, com madeira das matas adjacentes. O resultado do processo era a transformação do carbonato de cálcio dos corais em  cal.
Outra ameaça é a monocultura da cana-de-açúcar que ocupou o lugar da Mata Atlântica no Nordeste e, hoje, está praticamente ‘grudada’ à costa. Quando chove a água lava o chão da lavoura, a enxurrada vai pro mar provocando turbidez da água. Corais precisam receber luz, ou seja, precisam água limpa. Sem falar em agrotóxicos e outros produtos químicos que prejudicam as formações coralíneas.

Importância dos corais e o mito da infinitude

A falta de atenção com a saúde dos oceanos pode ser considerada uma ‘bobeira mundial’, alimentada pelo mito da infinitude. Hoje, o mundo civilizado corre atrás do prejuízo enquanto países irresponsáveis como o nosso, continuam ‘dormindo em berço esplêndido‘. Apesar de todas as novas reservas marinhas, criadas em 2015, 2016 e 2017 especialistas alertam que
"apenas pouco mais 2% da área total dos oceanos estão protegidos. Isso representa muito pouco. Há um longo caminho até chegarmos nos 30%, que é a área necessária a ser protegida se quisermos garantir a sustentabilidade dos organismos marinhos para as futuras gerações".
Fonte: Mar Sem Fim

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Grupo de Oceanografia de Altas Latitudes tem volume publicado em revista internacional





 O Grupo de Oceanografia de Altas Latitudes (Goal) divulga o recém-publicado volume 149 da tradicional revista Deep-Sea Research (Part II), intitulado: Oceanographic processes and biological responses around Northern Antarctic Peninsula: a 15-year contribution of the Brazilian High Latitude Oceanography Group (Goal). O volume traz uma coletânea de dois artigos introdutórios e 20 trabalhos científicos que reportam importantes resultados destas atividades, desde a oceanografia clássica (nas suas áreas de biologia, química e física), passando por aspectos das interações entre o oceano-atmosfera-criosfera, biogeoquímica marinha até a biologia e ecologia de mamíferos marinhos.
A porção norte da península Antártica é composta por um conjunto de ambientes únicos do ponto de vista oceanográfico, englobando os estreitos de Bransfield e Gerlache, porção noroeste do Mar de Weddell e o sul do Estreito de Drake. Vários desses ambientes têm se mostrado sensíveis do ponto de vista climático e, recentemente, têm apresentado diversas alterações nas suas características físicas, biogeoquímicas e na sua biota associada. Ao mesmo tempo, o Goal, sediado na FURG e com diversas instituições colaboradoras no Brasil e exterior, desde a sua concepção em 2002, tem trabalhado intensamente nesta área. Neste período de 15 anos, o Goal construiu um banco de dados único da oceanografia desta região, o que tornou possível a idealização e materialização do volume 149.

Fonte: Site da Furg, em 14/06/2018

terça-feira, 12 de junho de 2018

Os direitos das futuras gerações e a mídia

Os direitos das futuras gerações, e a mídia, não se pode esquecê-los

Vivemos uma época sombria. No Brasil e no mundo. Um dos fenômenos de hoje, chatésimo, é a epidemia do  ‘politicamente correto’. Mais uma vez, acontece no Brasil e no mundo. Já houve criança presa nos Estados Unidos por beijar um colega. No país de Macunaíma, setores da mídia influenciados pelo fenômeno,  decidem que é hora de tratar todos igualmente. Isso é correto. E  entopem sua grade  com os excluídos, pretensos, ou não: mulheres, pardos ou negros, deficientes, às vezes; mas homossexuais quase sempre,  em demasia ao nosso ver. Só que, os direitos das futuras gerações não está entre eles. Não é curioso?
Direitos das futuras gerações, Ilustração: www.huffingtonpost.com

Os direitos das futuras gerações

De acordo com o site especializado, jusbrasil.com.br, “Diante da atual conjuntura ecológica brasileira é pertinente fazer uma reflexão sobre a importância do princípio constitucional da solidariedade intergeracional. Este princípio está encartado na parte final do caput do art. 225 da Constituição Federal. E, se consubstancia como norma assecuratória do direito de uso do bem ambiental ecologicamente equilibrado para gerações futuras.”
Direitos das futuras gerações, Ilustração: aguaelan.com.br

Portanto, nossa crítica é amparada pela Lei Maior. Mais uma vez, no mundo é assim. E há muitos…

Estudos recentes

Estudo de Roberta da Silva, e Lucimery Dal Medico, da Universidade Federal de Santa Catarina, lembra o tema ‘acerca da necessidade de uma nova postura ética dos seres humanos frente ao direito das futuras gerações ao meio ambiente. Mas, sobretudo, trata da sobrevivência da própria espécie humana no planeta.’ Sobre isso, sobrevivência da espécie humana, falamos recentemente. E este estudo não é único. Há dezenas deles, todos com o mesmo mote. Tudo começou em 1972, quando a ONU convocou a…

Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em Estocolmo (Suécia)

De acordo com a própria organização, “o evento foi um marco e sua Declaração final contém 19 princípios que representam um Manifesto Ambiental para nossos tempos. Ao abordar a necessidade de “inspirar e guiar os povos do mundo para a preservação e a melhoria do ambiente humano”, o Manifesto estabeleceu as bases para a nova agenda ambiental do Sistema das Nações Unidas:”
"Chegamos a um ponto na História em que devemos moldar nossas ações em todo o mundo, com maior atenção para as consequências ambientais. Através da ignorância ou da indiferença podemos causar danos maciços e irreversíveis ao meio ambiente, do qual nossa vida e bem-estar dependem. Por outro lado, através do maior conhecimento e de ações mais sábias, podemos conquistar uma vida melhor para nós e para a posteridade (ou as futuras gerações, obs. do mar sem fim), com um meio ambiente em sintonia com as necessidades e esperanças humanas…"
Quer prova maior que que questão é mundial?

Por que esse excesso, de um lado, e parcimônia, do outro?

Sabe-se que o nível de ensino no país é medíocre. A maior parte da população, hoje se informa por sites ou TV. E quanto maior a audiência, mais responsabilidade a mídia deveria ter. Então, acontece o que acontece com várias categorias da população já citadas. E há os excessos. Em bom português, ‘forçação de barra’ (abordamos o tema no próximo tópico). E, simultaneamente, ao menos um caso escapa à nossa compreensão: os direitos da futuras gerações, quanto ao meio ambiente saudável, não são priorizados por parte da mídia.

Os excessos

Há uma mídia de massa que, em qualquer programa, seja de auditório, noticiosos, documentários, ou folhetins, para ela parece só existirem os GLBTs que, repetimos, têm de ter seu espaço. Mas não só eles. Trata-se de estratégia pra chamar atenção e posar como audaz, mas ao ‘atender aos anseios da sociedade’ de forma rasa, mesquinha, só faz piorar a situação. Porque se debruça no tema menor, e esquece o maior. Onde está a responsabilidade sobre os direitos das futuras gerações quanto a um meio ambiente saudável? Diga, telespectador,  quando foi a última vez que viu um programa/matéria nesta mídia, sobre o tema do momento da ONU, da comunidade acadêmica mundial, e de ambientalistas (poucos infelizmente), os oceanos?

Opções na mídia de massa e o direitos das futuras gerações

Em São Paulo, e parte do Brasil, há duas. Uma, privada, que não apela. Mas  raramente aborda o assunto atual, e prioriza os oceanos. Está na hora de mudar. O pessoal de lá é bom. Já fizeram até programa com notório oceanógrafo. Rendeu tanto material, que não fizeram um só episódio, mas dois. Ela atinge menos pessoas, mas se fizer mais,  quem sabe force a outra a mudar. Uma terceira, que não atinge todo o Brasil, é bem diferente, atua em nixos, por isso atinge ainda menos gente. Mas, independente disso, em sua grade a Amazônia Azul é raridade, a ‘Verde’, entretanto, é vedete. Está atrasada, não percebeu a mudança mundial.

Canais fechados

Nos canais fechados nacionais, há várias que se dizem ‘informativas’ mas nelas, o tema do momento é ainda mais raro. Passam horas  despejando fofocas de Brasília, inócuas; ou transmitem ao vivo os insuportáveis reizinhos da Justiça, com sua incompreensível linguagem que só eles entendem. E nada sobre nossas obrigações em ralação às futuras gerações.

Jornais

O Estadão costuma abrir espaço ao tema, tem até repórter especializado,Herton Escobar. Já a Folha, comenta pontualmente. Acredito que ambos poderiam fazer mais. Há dezenas de assuntos ligados ao tema que não chegam sequer às elites que leem jornais. Como mudar a situação se nem elas conhecem os problemas?

Revistas

Sobre revistas semanais noticiosas, não dá nem vontade de falar. Escapam da mesmice duas jóias. Uma, a National Geographic Brasil, que acaba de lançar o número de junho, mais uma vez dedicado inteiramente aos oceanos e, desta vez focou um de seus maiores problemas, o plástico. É um primor mas, infelizmente, não atinge a massa. Outra, é a Scientific American Brasil, que também aborda o tema com frequência. Mas atinge ainda menos pessoas. Curiosamente, as duas da ponta são títulos estrangeiros lançados no país. Veja que curioso. Por fim, há dezenas de outros títulos nacionais, algumas abrem espaço de vez em quando, mas é raro, e de novo, são muito segmentadas.

Formadores de opinião também se omitem

Parte significativa destes privilegiados que puderam estudar, representados no país por empresários, profissionais liberais, políticos, e autoridades; ou se omitem, ou dão exemplo contrário, a prova é a operação Lava Jato que botou na cadeia parte deles. Corruptos e corruptores, ou seja, empresários e políticos. Estão lá, lado a lado, dois dos mais emblemáticos, um ex- presidente, e o maior empresário da construção civil. Porque fizeram malfeitos e foram pegos desta vez. Sobre as prisões, a mídia de massa as prioriza, porque sabe que o povo não aguenta mais do mesmo. Mas, sobre os direitos das futuras gerações, obrigação ética da nossa, não. Não é estranho?

Os Oceanos

"Nunca, em toda a história da vida na Terra, uma espécie alterou tanto o planeta, e em uma escala tão rápida, quanto a humanidade. Mudamos os cursos de rios, alteramos a composição química da atmosfera e dos oceanos, domesticamos plantas e animais a ponto de sermos considerados uma “força tectônica” no planeta. Esse impacto é tão forte que alguns cientistas estão propondo mudar a época geológica – deixaríamos o holoceno, que começou com o fim da era do gelo, e passaríamos ao antropoceno, a época dominada pelo homem."
A declaração é do cientista Carlos Nobre, representante brasileiro do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change, que quer dizer, Painel Intergovernamental para a Mudança de Clima).

Faça sua parte, seja cidadão

Até quando vamos ter mais do mesmo? Pense sobre isso, e faça sua parte. Estudo apresentado no Fórum Econômico Mundial, Davos, 2016, mostrou sem contestação, que a continuar neste ritmo, em 2050 haverá mais plástico que peixes, em peso, nos oceanos. Outro, feito por dezenas de cientistas, e publicado na prestigiosa Science, mostra que a pesca industrial, pelos excessos, estará acabada em 2048. E a imprensa estrangeira, que prioriza o assunto ao contrário da nossa, faz sua parte. E, ao fazê-lo, provoca mudanças até mesmo na legislação norte- americana, Lei Magnuson-Stevens, que regula aspectos da insustentável pesca industrial que, no mundo, recebe subsídios de até US$ 35 bilhões de dólares! Diga qual atividade ‘sustentável’ precisa indecentes subsídios desta ordem? Enquanto isso, no Brasil, não há sequer estatísticas da pesca. Apesar disso, parte da mídia de massa, que fala com o país, parece se preocupar apenas com GLBTs, ou você já viu na tela matérias sobre estes gravíssimos problemas dos oceanos?

É assim que vamos passar o planeta às futuras gerações, pedindo desculpas?

Pedindo desculpas pela m* que fizemos? (Ilustração: www.slideshare.net)

 

Ainda há tempo, depende de cada um de nós.
Ilustração de abertura: www.slideshare.net

Fonte: Mar Sem Fim

 



 


sexta-feira, 8 de junho de 2018

Microplástico nos oceanos, descobertas alarmantes

Microplástico: regata de volta ao mundo, Volvo Ocean Race, descobre partículas até no Ponto Nemo!

Se você gosta dos oceanos e quer mante-los íntegros para que seus filhos e netos desfrutem de sua beleza e riqueza em biodiversidade, é preciso antes de mais nada, mudança de hábitos. As futuras gerações dependem de nossa decisão agora, hoje! A regata Volvo Ocean Race descobriu partículas de microplástico até no ponto mais ermo do planeta azul: o Ponto Nemo.
O microplástico é ingerido por peixes e outros seres marinhos. Depois, nós, os seres humanos, comemos estes alimentos impróprios para a saúde. (Foto:http://blog.nationalgeographic.org/)

Microplástico em amostra de água do Ponto Nemo

Na atual edição da regata Volvo Ocean Race há um veleiro cuja missão não é apenas disputar a prova. Enquanto veleja contra o relógio, o  ‘Clean Seas – Turn The Tide On Plastic’ (em tradução livre, ‘Limpeza dos Mares – Vire A Maré Contra O Plástico’) recolhe água do mar que é analisada para saber entre outras, a quantidade de partículas de microplástico ou microfibras por metro cúbico de água.
O ‘Clean Seas – Turn The Tide On Plastic’ que recolhe amostras de água do mar enquanto compete.

Agora os cientistas já sabem que até no Ponto Nemo há partículas de microplástico!

Microplástico: entenda o que é

A definição está no próprio nome: partículas ‘micro’, ou muito pequenas, de plástico. Para alguns pesquisadores o tamanho máximo seria de 1 milímetro mas a maioria adota a medida máxima de 5 milímetros, o mínimo seria um ‘tamanho microscópico’. Esse é o caso da NOAA, a agência norte- americana que cuida de tudo em relação aos oceanos. Estas partículas vêm da deteriorização de pedaços maiores do material (plástico) que não se decompõem. Elas são provenientes de lixo descartado em local errado que acaba indo pro grande ‘lixão’ que estão se tornando os oceanos.

Microfibras

Alguns pesquisadores, como Judith S. Weis (“Cooperative Work is Needed Between Textile Scientists and Environmental Scientists to Tackle the Problems of Pollution by Microfibers” ), dizem que   “de longe, o tipo mais abundante de microplástico nos oceanos são as microfibras (aproximadamente 85%), oriundas de tecidos sintéticos usados em roupas.” Seguindo esta pesquisadora, “as microfibras foram encontradas até em biópsias pulmonares humanas.”

Por que o microplástico é danoso para os seres marinhos e o ser humano

Porque os animais marinhos confundem as partículas com seu alimento e as ingerem. Elas, por sua vez, entram em nossa dieta ao comermos peixes, camarões, ostras, e outros organismos marinhos. Pior que isso, o grande público ainda não sabe o que seriam estes microplásticos e seus malefícios simplesmente porque não os vêm. Mas, que eles estão lá. Até no ponto mais ermo da Terra, agora ficou provado que sim, as partículas já contaminam todos os oceanos do planeta. Culpa de quem, senão nossa?
Veja o que disse a icônica National Geographic sobre o problema:
Existe um certo tipo de plástico cujos efeitos prejudiciais ainda não são amplamente reconhecidos pelo público, são os microplásticos, partículas que se deterioram a partir de peças (de plástico) maiores. A questão veio à tona devido ao uso de microesferas de plástico em produtos de cuidados pessoais, como esfoliantes de gel para banho, pasta de dente e maquiagem, que são drenados  pelo ralo. De acordo com uma pesquisa de 2012, foram utilizadas 4.360 toneladas de microesferas em todos os países da União Européia.

Regata Volvo Ocean Race prova existência do microplástico em todos os oceanos

Os pesquisadores já sabiam do problema. Tanto é que a própria ONU entrou na guerra ao plástico ao lançar sua campanha. Mas até agora não havia amostras que provassem a tese. Até que veio a edição da regata de volta ao mundo. A ONU decidiu patrocinar um dos veleiros que aproveitaria rotas ainda não mensuradas, para coletas. E o Clean Seas – Turn The Tide On Plastic’ deu conta do recado.

O Ponto Nemo e o microplástico

De acordo com matéria do www.volvooceanrace.com,  “as descobertas mostram que, perto do Ponto Nemo, havia entre nove e 26 partículas de microplástico por metro cúbico de água.”
O Ponto Nemo, local mais ermo do Planeta. (Ilustração:www.redbull.com)

“Quando os barcos passaram perto do Cabo Horn (mais próximo de terra), na ponta da América do Sul, as medições aumentaram para 57 partículas por metro cúbico.”

Outros pontos avaliados durante a regata

“Níveis de 45 partículas por metro cúbico foram registrados a 452 km de Auckland, Nova Zelândia. Esta perna (etapa) começou lá. Apenas 12 partículas por metro cúbico foram encontradas a 1000 km da chegada em Itajaí. A diferença nas medições pode ser explicada pelas correntes oceânicas que transportam os microplásticos a grandes distâncias. Os mais altos níveis encontrados até agora, 357 partículas por metro cúbico, foram encontrados em uma amostra feita no Mar da China Meridional, leste de Taiwan, uma área que alimenta o Grande Giro do Pacífico.”

As consequências da triste descoberta

De acordo com o site volvooceanrace.com,  “o Dr. Sören Gutekunst do Instituto GEOMAR de Pesquisa Oceânica Kiel, analisou os dados preliminares de microplásticos no laboratório em Kiel, na Alemanha. E declarou:
"Este é o primeiro dado que a comunidade científica tem sido capaz de analisar de uma parte relativamente inacessível do nosso planeta azul.   Infelizmente, isso mostra até que ponto os microplásticos penetraram em nossos vastos oceanos e agora estão presentes naquilo que, até agora, muitos consideram águas intocadas."

Soluções para o problema

No Brasil, atrasado como sempre, a única solução é a conscientização da população. Evite material plástico tanto quanto puder. Mas, se utilizar, sua obrigação é a separação do material na hora de jogar no lixo. E separa-lo para reciclagem. Ela é bem mais complicada que outros materiais, como alumínio e papelão, e nem todas as cidades brasileiras conseguem reciclar plástico. Mas nos grande centros, como São Paulo e Rio de Janeiro, sim, a reciclagem já é realidade. É nossa obrigação ética e moral separar o lixo e reciclar. Dá mais trabalho? Sim, dá. Assim como dá mais trabalho, e custa mais caro, proteger seu filho e dar-lhe a educação mais adequada possível. E sabemos que os leitores deste site podem, e fazem isso. Então, porque a preguiça em mudar hábitos, consumindo menos plástico e, quando o fizer, reciclar? Mude. E mude já.

Outras possíveis soluções: eleições vem aí…

Como explicamos detalhadamente em outra matéria, são três os atores envolvidos: a população, a indústria do plástico, e políticas públicas, leia-se políticos. Vem aí eleições. Verifique a plataforma dos presidenciáveis e simplesmente não dê seu voto a quem não demonstrar preocupação com os oceanos, a última fronteira do globo, e o plástico, o grande vilão dos mares.

A responsabilidade da indústria do plástico

A indústria do plástico precisa ser obrigada, através de nova legislação, a se responsabilizar por parte do problema. Afinal, é ela quem escolhe os variados tipos de plástico a serem usados em seus produtos. Por outra parte, todas as grandes cidades do país devem estar preparadas para a reciclagem e, mais uma vez, isso depende da ação de políticos. O mesmo deveria acontecer com a indústria da fabricação de tecidos sintéticos.

Dotar os estados de legislação

Estados como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, e outros, precisam se inspirar em legislações mais avançadas, como as recentes tentativas da Califórnia e São Francisco, nos Estados Unidos, ou a Comissão Européia. Ainda esta ela semana esteve nas manchetes dos jornais ao propor a proibição de produtos plásticos que são utilizados apenas uma vez, como cotonetes, pratos, copos e talheres, canudinhos para refrigerantes, etc.

Nossa ação outra vez

A propósito, nós também podemos copiar o exemplo dos europeus em nosso local de trabalho, nas escolas de nossos filhos, em consultórios  médicos, etc, para que copos e xícaras para café (de plástico), sejam banidos imediatamente. O que custa pensar adiante de nossas vidas? Faça sua parte.

Fonte: Mar Sem Fim