terça-feira, 30 de julho de 2019

Planeta Terra atinge em 2019 o esgotamento de recursos naturais mais cedo da história


GaúchaZH

Nesta segunda-feira (29), o planeta Terra atingiu o ponto máximo de uso de recursos naturais que poderiam ser renovados sem custo ao ambiente em 2019. A estimativa é da Global Footprint Network, organização internacional que contabiliza o quanto é usado para as necessidades de um indivíduo ou de uma população.  
A organização calcula a chamada "Pegada Ecológica" das atividades humanas no mundo. O cálculo mede a área terrestre e marinha necessária para produção de todos os recursos consumidos a ponto de que o planeta ainda consiga se regenerar.
Em 2019, a humanidade atingiu a data-limite três dias antes do que em 2018 — e mais cedo do que em toda a série histórica, iniciada em 1970. Significa que, a partir de agora, todos os recursos usados para a sobrevivência entrarão "no vermelho", uma espécie de crédito negativo para a humanidade.
De acordo com os cálculos da Global Footprint, se for mantido o ritmo atual de consumo, teremos consumido 1,7 planeta Terra até o final deste ano.

No vermelho

O planeta entrou em déficit de recursos naturais em 1970 e, desde então, os seres humanos têm consumido mais do que a Terra consegue se regenerar. Nas últimas duas décadas, a data-limite tem chegado cada vez mais cedo.
"Os custos deste excesso estão se tornando cada vez mais evidentes em todo o mundo, sob a forma de desflorestação, erosão dos solos, perda de biodiversidade e acumulação de dióxido de carbono na atmosfera, levando a alterações climáticas e a secas, incêndios e furacões cada vez mais graves", diz a organização.
A Global Footprint Network informou ainda que projeções moderadas das Nações Unidas para o aumento da população e do consumo indicam que em 2030 precisaríamos da capacidade de duas Terras para acompanhar nosso nível de demanda por recursos naturais.
No site da organização, neste link, é possível colocar dados pessoais e inserir informações sobre quanta carne é consumida, se a comida é processada, se é produzida localmente, entre outras informações, para se calcular a sua "Pegada Ecológica" e quantos planetas seriam necessários se todos consumissem da mesma forma.

Fonte: GAUCHAZH.CLICRBS.COM.BR

 


quinta-feira, 18 de julho de 2019

FURG participa de reunião com governador Eduardo Leite

Cram e Projeto Pinípedes do Sul realizam a soltura de lobo-marinho

terça-feira, 9 de julho de 2019

Pesca da tainha, tradição centenária se renova a cada ano



E que delícia que é uma tainha assada, não? A prática da pesca da tainha no Brasil é do tempo em que aqui ainda não havia chegado nenhum europeu. Uma tradição indígena que se renova ano após ano. “Além disso têm pequenas redes (referindo-se aos Tupinambás). O fio com que a emalham obtêm-nos  de folhas longas e pontudas que chamam tucum. Quando querem pescar com estas redes, juntam-se alguns deles e colocam-se em círculos na água rasa, de modo que a cada um cabe determinado pedaço da rede. Vão então uns poucos no centro da roda e batem nágua. Se algum peixe quer fugir para o fundo, fica preso na rede. Aquele que apanha muito peixe reparte com os outros que pescam pouco.” Eis aí a primeira descrição da pesca da tainha, feita por Hans Staden, em 1557. O alemão viera ao Brasil e trabalhava com artilheiro no forte de Bertioga quando foi preso pelos Tupinambás, cujo chefe Cunhabebe, morava na hoje ilha Anchieta. Até hoje a pesca é feita nesta base.
Pesca da tainha em Arraial do cabo, RJ.

Conheça a tainha

O site oceana Brasil explica o ciclo de vida. “A tainha (Mugil liza) tem um ciclo de vida que a torna particularmente frágil à pesca intensa. Depois de viver seu primeiro ano no mar, ela entra nos estuários e lagoas costeiras, onde cresce até 4 a 6 anos, quando atinge a idade adulta. A partir daí, a cada outono, machos e fêmeas formam grandes cardumes para empreender uma longa jornada. A migração reprodutiva no mar. Cada tainha vai desovar até 5 milhões de ovos. Eles dependerão do acaso para serem fecundados, formarem pequenos juvenis, que se dirigirão para os estuários, onde crescerão e fecharão o ciclo da vida. A chamada safra da tainha é a pesca entre abril e julho, durante a migração reprodutiva da espécie.”
tainha, imagem, www.lagubras.com.br.

De onde vêm as tainhas pescadas no Brasil

Segundo a Oceana, “O estoque sul desta espécie migra anualmente de estuários na Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul, no Brasil, podendo chegar até o Espírito Santo, dependendo das condições climáticas.” Mas os estoques no País estão sobrexplorados. Todos os anos temos uma batalha jurídica. Pode-se ou não, pescar a tainha? Em 2019 não foi diferente. O site www.nsctotal.com.br explica. “Em 2017, a ONG Oceana apresentou um levantamento do estoque de tainhas e a proposta do sistema de cotas, usado em boa parte do mundo para controlar as capturas. Este é considerado um meio mais efetivo de garantir uma pescaria sustentável. O governo federal adotou o sistema pela primeira vez na safra de 2018. Mas houve problemas no controle de capturas da pesca industrial porque a pescaria foi muito intensa e rápida. Os próprios armadores suspenderam a safra, antes do governo, ao perceberem que haviam extrapolado a cota. Pescaram 114% além do que poderiam.”

Safra da tainha em 2019

Nova batalha jurídica aconteceu. Nsctotal.com.br.  “O desembargador Márcio Antônio Rocha mergulhou fundo no assunto e na polêmica que cerca a pesca industrial da tainha, questionada pelo Ministério Público há quase uma década. A procuradoria defende o fim da pesca industrial, alegando que ela colocaria em risco a espécie. A decisão considera, ainda, que a pesca industrial da tainha “não está relacionada a qualquer elemento cultural” e se destina a abastecer o mercado internacional de ovas. Esse tem sido o posicionamento do MPF no Rio Grande do Sul,  que judicializou a pesca da tainha.” Depois de muito diz-que-diz, o governo federal lançou o SisTainha, programa de monitoramento e controle das cotas de captura, e autorizou a pescaria.

Pesca da tainha hoje, saiba como é

Do alto, o vigia avisa os pescadores na praia da chegada do cardume.
 A explicação é do gazetadopovo.com.br.“Um dos motivos que explicam o grandeza da tainha para os catarinenses é a forma como o peixe é capturado. Em Florianópolis, as comunidades tradicionais pesqueiras se unem nos meses do outono e inverno. A pesca da tainha exige trabalho coletivo. Em maio começou a montagem dos ranchos nas praias, autorizados pela prefeitura. Em um ponto alto, um integrante dos grupos de pescadores, conhecido como vigia, fica responsável por monitorar a aproximação dos cardumes. Ao avistar a chegada das tainhas, ele avisa seus companheiros por rádio. Estes, se apressam em colocar as canoas na água e jogar a enorme rede de arrasto. A última etapa envolve duas equipes, que precisam puxar a rede em pontos diferentes até a areia. O número de integrantes varia de acordo com o tamanho da rede. É comum ver até crianças e turistas auxiliando nesse processo”
A canoa puxa a rede.

Cerca de 80% da pesca da tainha é realizada em Santa Catarina onde ela é considerada Patrimônio Cultural. Os cardumes saem da Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul, especialmente quando venta de sul. Uma curiosidade da tainha é que ela nada sempre a favor das correntes, daí a importância do vento sul que faz com que os cardumes subam a costa brasileira, rentes à ela, onde procuram estuários com águas mais quentes para entrar. Ali desovam e voltam ao mar. A safra deste ano teve início em 1º de maio (pescadores artesanais). Com uso do emalhe, a partir de 15 de maio. E cerco e traineiras, a partir de 1º de junho. Só em Santa catarina há 13 mil pescadores de tainha e a estimativa é capturar cerca de 2 mil toneladas do peixe.

Pesca da tainha em números no Brasil

A Oceana é quem explica: “O Brasil tem uma das maiores pescarias de tainha do mundo. Ela é responsável pela mobilização de uma frota industrial de traineiras e frotas de média escala como o emalhe anilhado, além de milhares de pescadores artesanais em todas as regiões das lagoas e estuários da planície costeira dos estados das regiões Sul e Sudeste. Do ano 2000 até 2015, os desembarques totais registrados de tainha desde São Paulo até o Rio Grande do Sul variaram de 2 a 13 mil toneladas/ano de peixe fresco para consumo interno. De 2007 a 2013, essa pescaria produziu entre 170 e 600 toneladas/ano de ovas (botarga) e moelas de tainha processadas para exportação, sendo responsável pela movimentação de algo  entre 3,5 e 10 milhões de dólares, anualmente.” A Folha de S. Paulo, em matéria de junho de 2018, diz que “há relatos de até 25 mil tainhas pescadas em apenas uma ação em anos anteriores.”

Safra 2019

A temporada que começou em 1º de maio, este ano está fraca até o momento. Segundo o www.nsctotal.com.br, “pescadores do Litoral catarinense estão apreensivos. Até o momento foram capturadas 9,5 toneladas do peixe, segundo a Federação de Pescadores do Estado de Santa Catarina (Fepesc). Isso é pouco perto da expectativa de pesca para este ano, que é de 2 mil toneladas. No mesmo período do ano.” passado, havia sido capturadas 520 toneladas de tainha. Segundo os pescadores, ainda não esfriou o suficiente, nem ventou sul forte, para que as tainhas deixam a Lagoa dos Patos, e suba a costa.

‘Vão então uns poucos no centro da roda e batem nágua’

Da descrição de Hans Staden, no século16, até hoje…




O pescador usa o remo como porrete.


E bate com força n’água. “Se algum peixe quer fugir para o fundo, fica preso na rede”. E uma última curiosidade sobre este tipo de pesca. Em Cananeia, litoral sul de São Paulo, flagrei um pescador de tainha ajudado por um golfinho, uma incrível interação entre o homem e os mamíferos marinhos.
Assista ao vídeo da pesca da tainha e saiba mais.



Fonte: Mar Sem Fim