Vaquita, conheça o cetáceo mais ameaçado do mundo
Vaquita, também conhecida como boto do pacífico, ou Panda do Mar, em razão de manchas negras nos olhos, é um cetáceo endêmico do extremo norte do Golfo da Califórnia, ou Mar de Cortez.
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| O golfo da Califórnia, o Mar de Cortez, é o habitat da vaquita. | 
 Das 129 espécies de mamíferos marinhos, a vaquita é a menor, e considerada a mais ameaçada. Em 2017, havia 60 indivíduos; em 2016, 30. E o número caiu mais ainda. A última contagem do Comitê Internacional para a Recuperação da Vaquita (CIRVA), mencionava apenas 12 indivíduos em 2018.
 Esta guerra parece estar perdida. Mas o que mais incomoda, é motivo da 
possível extinção: a pesca ilegal, e o tráfico de animais silvestres. Ou
 seja, pura canalhice.
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| Imagem:Photo credit: Paula Olson (NOAA) / Wikimedia Commons | 
Tráfico e pesca ilegal, duas chagas da nossa era
Quem conta é o site earthjournalism.net: ” A bexiga natatória do peixe totoaba tem sido chamada de “cocaína do mar” porque, quando contrabandeada do México para a China, é vendida por US $ 40 mil a US $ 60 mil por quilo graças a supostas qualidades medicinais. O peixe acabou classificado como ‘criticamente em perigo‘. Consequência da frenética procura. E a situação do outro animal que é pego em redes de totoaba, é
 ainda mais terrível. O comércio ilícito fez com que o menor mamífero 
marinho do mundo, a vaquita, praticamente se extinguisse. Na última 
contagem apenas 12 permanecem vivos.”
Venda de bexiga natatória da pescada amarela no Pará
Observação do Mar Sem Fim: este mesmo absurdo acontece no Brasil, especialmente no Pará,
 onde o quilo da bexiga natatória da pescada amarela vale mil reais. 
Note que este valor é para o primeiro elo da cadeia, os pescadores. Fico
 pensando por quanto seria vendido o quilo para exportação, sabendo que,
 depois do peixe ser fisgado, a bexiga é retirada e revendida. Em 
seguida elas passam pelas mãos de mais dois, ou três atravessadores, até
 chegarem ao porto e serem exportadas. A cada novo passo da cadeia, o 
preço sobe no mínimo 50%.
Três problemas de uma só vez
O relato do earthjournalism.net é bom porque reforça o poder destrutivo do arrasto,
 que temos denunciado ao longo do tempo. É com redes de arrasto que 
pescadores ilegais caçam o totoaba. Como não são seletivas, as redes 
trazem em suas malhas também a vaquita. Cansamos de propor que o arrasto seja proibido no Brasil. Como as autoridades não tomam conhecimento, sugerimos o boicote por parte do consumidor.
 São as armas que temos. É preciso se acostumar a usá-las. É assim que 
funciona a democracia, um jogo constante de pressões da sociedade, entre
 outros. E além do arrasto, o texto põe o dedo na ferida ao abrir espaço
 para o tráfico de animais silvestres, e a pesca ilegal. Curiosamente, sempre que estes ‘predicados’ estão presentes, a China também está. 
“Um dos mais importantes e épicos fracassos da conservação”
Foi assim que se referiu Andrea Crosta, ao programa para salvar a vaquita .Ela é investigadora da vida selvagem. E contou que a causa das vaquitas mobilizou cerca de US $ 100 milhões nos
 últimos 10 anos. E explicou: “Durante anos e anos, eles tentaram 
resolver a questão da vaquita / totoaba, concentrando-se apenas no mar e
 apenas nos pescadores. A chave para parar a pesca e o tráfico ilícito de totoabas é em terra e, mais precisamente, visando os comerciantes ilegais chineses
 que residem no México.” E arrematou: “É uma questão criminosa que deve 
ser colocada nas mãos de especialistas criminais. E não de biólogos como
 tem sido feito há anos.” 
Contrabando e lavagem de dinheiro
Essa ‘é uma briga de cachorro grande’, 
como diz o ditado. Quem se mete em contrabando e lavagem de dinheiro são
 gângsters, associados a outros bandidos mundo afora. Andrea Crosta diz que “os cartéis que compram a bexiga da totoaba e a contrabandeiam para a China, também estão envolvidos na lavagem de dinheiro.”
O esquema ilegal
O earthjournalism.net explica: “O comércio de totoaba é apenas uma pequena fatia de um bolo muito lucrativo. Em todo o mundo, o comércio ilegal de animais silvestres vale dezenas de bilhões de dólares.
 Está levando dezenas de espécies à extinção enquanto enriquece os 
sindicatos criminosos. Em uma recente conferência em Londres, 
pesquisadores disseram que a “evidência do fracasso” está frustrando os 
esforços para detê-lo. Crosta diz que o declínio da vaquita é um excelente exemplo.
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| Panda do Mar, o último dos moicanos. (Foto:Greenpeace/Marcelo Otero) | 
A reação internacional
A reação internacional contra o tráfico 
ilegal nos parece pequena em face do poderio dos cartéis. Como a própria
 matéria explica, ‘o tráfico movimenta algumas dezenas de bilhões de dólares‘. Ao pesquisar apenas quanto vale o tráfico, chegamos a números diferentes. Para o site http://factsanddetails.com
 “O comércio ilegal de animais – que inclui o tráfico de marfim, partes 
de tigre, chifre de rinoceronte, barbatana de tubarão, aves exóticas, 
pele de réptil, carne silvestre e produtos da vida selvagem – está avaliado em pelo menos US $ 10 bilhões e pode ser o dobro disso”.
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| O site da NOAA abriu uma página para a vaquita | 
O WWF tentou responder a mesma pergunta. Afinal quanto vale o tráfico? “Esta é uma estimativa difícil de fazer. Como diretriz, o TRAFFIC calculou que produtos da vida selvagem no valor de US $ 160 bilhões foram importados para todo o mundo a cada ano
 no início dos anos 90. Além disso, há um grande e lucrativo comércio 
ilegal de vida selvagem, mas, como é conduzido secretamente, ninguém 
pode julgar com exatidão o que isso pode valer a pena.”
Segunda maior causa de perda de biodiversidade
De acordo com o WWF, “o tráfico é a segunda maior ameaça direta às espécies após a destruição do habitat.”
 Para se ter ideia do tamanho da operação saiba que “o comércio envolve 
centenas de milhões de plantas e animais silvestres de dezenas de 
milhares de espécies.  Existem registros de mais de 100 milhões de toneladas de peixes, 1,5 milhão de aves vivas e 440.000 toneladas de plantas medicinais comercializadas em apenas um ano. 
Príncipe William defende a causa
No evento de Londres “o governo do Reino Unido anunciou um aumento de 3,5 milhões de libras para a abordagem que Crosta defende, chamando-o “o maior projeto conhecido do tipo para reprimir crimes financeiros associados ao comércio ilegal de animais selvagens. No mesmo dia, o príncipe William lançou uma “força-tarefa financeira da vida selvagem” (wildlife financial taskforce).
 Mais de 30 bancos e instituições financeiras se comprometeram a “não 
facilitar ou tolerar conscientemente fluxos financeiros derivados do 
comércio ilegal de animais silvestres e corrupção associada.”
Ao lançar a iniciativa William declarou:"Não podemos permitir que essa luta seja uma prioridade apenas para os conservacionistas"
Outro que se uniu à causa foi o ator 
Leonardo di Caprio com sua fundação, e a do milionário mexicano Carlos 
Slim. Resta saber se ainda há tempo…
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| Leonardo di Caprio e o presidente mexicano Peña Neto | 
E quanto ao futuro da vaquita?
“Não acredito que as últimas vaquitas possam sobreviver a outra temporada de pesca como vimos este ano”, diz Crosta. “Portanto, é fundamental agir agora com os comerciantes chineses no México
 e parar a cadeia de fornecimento, do mar  de Cortez, à China. Se, mais 
uma vez, focarem apenas nos pescadores, perderemos a vaquita. ”
Assista ao vídeo animação e conheça mais sobre a vaquita (O vídeo é de 2017, por isso informa ‘que ainda existem 50 animais’. Hoje, como foi dito, restam apenas 12).
 Fonte: Mar Sem Fim


 
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