segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Carbono Azul




 por Regina Scharf # em De lá pra cá
Que os mangues e outros ecossistemas costeiros acolhem uma biodiversidade riquíssima, todos sabemos. Mas só agora ganhamos entendimento sobre o papel de destaque que eles têm no combate às mudanças climáticas. Estes ambientes são capazes de estocar cinco vezes mais carbono do que as florestas tropicais, tanto nas plantas quanto no solo.
Esta seria uma boa notícia, se os brejos e manguezais do planeta não estivessem sendo degradados a um ritmo acelerado.  Entre 1980 e 2005, 35 mil quilômetros quadrados de mangues foram destruídos globalmente – uma área do tamanho da Bélgica. E cada vez que um quilômetro quadrado de mangue é drenado e um metro de solo é perdido, um quarto de milhão de toneladas de CO2 é liberado para a atmosfera. Faça as contas. A cada ano, a destruição dessas áreas costeiras libera algo em torno de 0,175 giga-toneladas de CO2 – o  equivalente às emissões anuais da Holanda.
Estes números foram divulgados na semana passada, durante reunião, em Paris, do Grupo de Trabalho Internacional para Carbono Azul Costeiro, formado por 32 cientistas de 11 países. Ele foi criado no âmbito da Iniciativa Carbono Azul,  criada pela Conservação Internacional (CI), a União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN) e a Comissão Intergovernamental Oceanográfica (IOC) da UNESCO.
“Estudos científicos têm demonstrado que, apesar de alguns manguezais, terrenos alagadiços e brejos representarem menos de 1% da biomassa total das plantas em terra e em florestas, neles circulam quase a mesma quantidade de carbono que os 99% restantes. Dessa forma, o declínio desses ecossistemas tão eficientes em estocar carbono é uma causa válida de preocupação”, alerta Wendy Watson-Wright, diretora da IOC.
“Há algum tempo já sabemos da importância dos ecossistemas costeiros para a pescaria e a proteção contra tempestades e tsunamis. Agora estamos vendo que, se destruídos ou degradados, esses ecossistemas costeiros se tornam grandes emissores de CO2, e essa emissão é feita de forma lenta, por muitos anos”, comentou Emily Pidgeon, diretora do Programa Marinho de Mudanças Climáticas da Conservação Internacional. “Em outras palavras, é como uma hemorragia longa e lenta, difícil de estancar”.
 Você também pode ler mais a esse respeito na última edição da Scientific American (também em inglês) .

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