terça-feira, 16 de agosto de 2016

Projeto do Instituto de Oceanografia da Furg é premiado com bolsa de pesquisa do Google

                                            Foto: Fábio Dutra
No início desse mês, um projeto de pesquisa desenvolvido no Instituto de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande (IO/Furg), foi escolhido pelo Google como um dos vencedores do programa de Bolsas de Pesquisa Google para a América Latina. O trabalho, liderado por Jorge Arigony-Neto e Guilherme Tomaschewski Netto, pretende desenvolver estações autônomas de baixo custo para medir o impacto das mudanças climáticas nas geleiras.
O projeto
A ideia do projeto surgiu a partir da parceria de estudo entre Jorge, professor do IO/Furg, e Guilherme, cientista da computação e doutorando no Programa de Pós-Graduação em Oceanografia Física, Química e Geológica da Furg. Ambos já trabalhavam com a área no laboratório da universidade e desenvolveram o projeto seguindo a linha de trabalho que realizavam com o apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) da Criosfera, do qual o IO/Furg é parte.
“Nós realizamos esse monitoramento das geleiras há alguns anos, mas o trabalho sempre teve um custo muito elevado, em consequência do alto valor das estações de monitoramento que precisavam ser compradas”, explica Jorge Arigony. E continua: “Com o projeto da montagem das nossas próprias estações através de uma estrutura de fibra de carbono, reciclada de pranchas de windsurf, conseguimos realizar o mesmo trabalho com um custo muito mais baixo”, completa.
Recursos
O professor também explica o motivo da necessidade de um material mais barato: “Como as geleiras são instáveis, devido ao clima extremo, há sempre a possibilidade da geração de fendas no gelo, e, consequentemente, a queda das estações nessas aberturas”, conta. “Nós já tivemos que realizar resgates de estações nessas condições. Por isso, uma estação produzida aqui e com um custo bem menor é uma segurança bem maior para a manutenção dos recursos do projeto”, explica o pesquisador.
Já o doutorando Guilherme conta sobre a implantação de protótipos do modelo no último ano. “Atualmente, nós temos dois protótipos do projeto fixados em geleiras. Realizamos o monitoramento por um sistema de satélite e, até agora, obtivemos uma resposta positiva”, explica. Ele também comenta sobre o futuro do projeto com o novo investimento da bolsa do Google: “Nossa próxima expedição está marcada para outubro, quando nós pretendemos substituir os protótipos atuais e fixar seis equipamentos para o monitoramento no próximo ano”.
Autonomia
Ele também afirma que a construção dos equipamentos de forma customizada às necessidades do tipo de terreno estudado, dá uma autonomia bastante grande na coleta de informação e um caráter inédito na forma como estas serão coletadas. Os pesquisadores esperam que a implantação do projeto some ainda mais ao trabalho realizado em um dos laboratórios do Instituto de Oceanografia da Furg, local onde estudantes da graduação e pós-graduação podem manter contato direto com o monitoramento e a construção das estações.
Eles ainda falam sobre como a bolsa do Google é um incentivo, já que o projeto ainda está em fase de desenvolvimento e testes. “Realizamos esse trabalho com a esperança de que a estratégia funcione, mas a realidade é que o clima do local é muito duro, o que deixa os protótipos e a nossa estratégia sujeitos ao erro. Mas, como a bolsa nos dá liberdade para um investimento mais amplo, podemos ir injetando os recursos de acordo com as necessidades do projeto, até que o resultado seja positivo”, explica Jorge.
Disponibilização do conhecimento
Finalizando, os pesquisadores contam sobre os planos futuros para o projeto: “Assim que obtivermos a certeza do sucesso das estações, pretendemos desenvolver um manual com especificações sobre a construção do equipamento. Queremos disponibilizar esse projeto final em uma plataforma livre, pela qual seja possível expandir esse conhecimento e tecnologia para qualquer um que se interesse ou precise do equipamento”, conclui o doutorando Guilherme.
Por Luiza Trápaga

Fonte: Jornal Agora, em 14/08/2016



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