Mesmo com ausência de fertilização, Leoni, exemplar de uma espécie conhecida como tubarão zebra, botou três ovos com embriões que nasceram em 2015; é o primeiro caso de reprodução natural assexuada de tubarões que já acasalaram anteriormente.
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| Mesmo sem a companhia de um macho, Leonie, tubarão fêmea da espécie Stegostoma fasciatum, botou três ovos com embriões (Foto: Tourism and Events Queensland) | 
 Um tubarão fêmea foi capaz de reproduzir num aquário em Townsville, na 
Austrália, três anos após ter sido separada de macho da espécie. 
 Mesmo sem fertilização, Leonie, exemplar de uma espécie conhecida como 
tubarão-zebra, botou três ovos com embriões e deu à luz a Cleo, CC e 
Gemini. 
 É o primeiro caso registrado de troca natural de tipo de reprodução - 
de acasalamento por reprodução assexuada - envolvendo tubarões e o 
terceiro relatado entre todas as espécies de vertebrados, segundo o 
jornal britânico "The Guardian". 
 A descoberta foi publicada na revista científica Nature nesta segunda-feira (16). 
 Capturada no mar em 1999, Leonie foi introduzida a um macho no aquário de Townsville, na costa Leste da Austrália, em 2006. 
 Dois anos depois, começou a botar ovos e teve várias ninhadas por 
acasalamento antes de ser separada de seu companheiro em 2012 - o 
aquário decidiu reduzir seu programa de criação à época. 
 Cleo e CC são os primeiros caos relatados de filhotes de tubarão 
criados a partir apenas de uma fêmea que já havia acasalado 
anteriormente 
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| Cleo e CC são os primeiros caos relatados de filhotes de tubarão criados a partir apenas de uma fêmea que já havia acasalado anteriormente (Foto: Tourism and Events Queensland) | 
O artigo da revista "Nature" explica que "partenogênese é uma forma 
natural de reprodução assexuada em que os embriões se desenvolvem na 
ausência de fertilização" e é mais comum em plantas e organismos 
invertebrados. 
 Os pesquisadores explicam que usaram testes de DNA para relatar "a 
primeira demonstração" de reprodução sem sexo em um tubarão que já havia
 acasalado anteriormente. 
Filhote também reproduziu sem acasalamento
 De acordo com o artigo da "Nature", Lolly - uma das filhotes fêmeas de 
Leoni concebidas com fertilização ainda no tempo em que ela dividia o 
aquário com um macho - também botou ovo com embrião sem ter convivido 
com um macho depois que atingiu a maturidade sexual. 
 "A demonstração da partenogênese nesses dois indivíduos com diferentes 
histórias sexuais fornece mais apoio para (a tese de) que os peixes 
elasmobrânquios são capazes de adaptar de forma flexível sua estratégia 
reprodutiva às circunstâncias ambientais", diz o resumo do artigo. 
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| O tubarão fêmea que reproduziu sem macho foi capturado no mar em 1999 e introduzido a um macho num aquário na Austrália em 2006 (Foto: Tourism and Events Queensland) | 
Em 2014, funcionários do aquário de Townsville observaram que os ovos 
de Leonie e de sua filha Lolly tinham embriões. Tentaram incubá-los, mas
 não obtiveram sucesso. 
 No ano seguinte, Leonie e Lolly produziram ovos que continham embriões.
 Juntas, elas tiveram cinco filhotes vivos, dos quais dois (Cleo, que 
nasceu de Leonie, e Kitkat, que veio de um ovo de Lolly) permanecem em 
exposição no aquário de Townsville, segundo o "Guardian". 
 O fato de algumas espécies de tubarão botarem ovos com embriões sem a 
presença de um macho não é algo atípico. Mas trata-se do primeiro 
registro de um tubarão que naturalmente trocou a forma de reprodução de 
fecundação por partenogênese. 
Esperma armazenado por 4 anos
 Os testes genéticos dos filhotes de Leonie que nasceram depois que ela 
foi separada do macho indicaram que eles são resultado da reprodução 
assexuada e não de esperma armazenado - tubarões fêmeas armazenam 
esperma vindo dos machos por até quatro anos. 
 "A maioria dos casos documentados de partenogênese facultativa em 
vertebrados foram registrados de fêmeas em cativeiro que não tiveram 
exposição a machos durante toda a sua vida reprodutiva", salienta o 
artigo publicado na Nature. 
 Por isso, o caso de Leoni, que foi capaz de dar à luz após três anos sem acasalar com um macho, surpreendeu os cientistas. 
FONTE: G1 - Natureza 
 
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