terça-feira, 11 de abril de 2017

Dois terços de Grande Barreira de Corais sofrem danos 'sem precedentes'

Novo levantamento aéreo mostra que branqueamento atinge 1,5 mil km de recifes e ameaça vida de corais em um dos ecossistemas mais ricos do planeta.

 Branqueamento de corais ocorre por aumento de temperatura do oceano e é intensificado pelo aquecimento global. (Foto: ARC Centre of Excellence for Coral Reef Studies)

Danos ambientais sem precedentes já afetam dois terços da Grande Barreira de Corais, da Austrália, um dos ecossistemas mais ricos do planeta.
Essa é a conclusão de um novo levantamento aéreo, que mostrou que o branqueamento dos corais chegou à porção central da barreira. Ano passado, análises mostraram que a parte norte também sofria com o problema. Somados, os eventos afetaram um trecho de 1,5 mil km de recifes.
O branqueamento ocorre quando os corais sofrem mudanças ambientais e expulsam as algas que vivem em seus tecidos. Com isso, eles perdem sua principal fonte de nutrientes e ficam mais suscetíveis à morte. O processo pode ocorrer por mudanças na temperatura da água e, por isso, é intensificado pelo aquecimento global.
Trata-se de um processo reversível, mas quanto mais impactado é o ambiente, mais difícil se torna a recuperação dos corais. Por isso, o professor Terry Hughes, da Universidade James Cook, cobrou urgência de governos em lidar com as mudanças climáticas para reverter, enquanto possível, o branqueamento da Grande Barreira. 
"Desde 1998, vimos quatro desses eventos (de branqueamento), e o espaço entre eles variava bastante. Mas esse é o espaço mais curto já registrado", Hughes disse à BBC.
"Quanto antes agirmos contra a emissão de gases do efeito estufa e contra os combustíveis fósseis em favor das energias renováveis, melhor", acrescentou.

Golpe duplo

Quase 800 recifes de corais numa área de 8 mil km foram analisados pelo Conselho de Pesquisa Australiana, do Centro de Excelência para Estudos de Recifes de Corais. Os resultados mostraram que apenas a parte sul está relativamente intocada.
O pesquisador James Kerry acrescenta que os últimos danos registrados são "sem precedentes".
"O dano na parte central este ano foi tão severo em termos de branqueamento quanto o visto na parte norte no ano passado", disse Kerry à BBC. 
"Para os recifes que foram afetados dois anos seguidos, é um golpe duplo. Eles ainda não tiveram chances de se recuperar dos eventos do ano passado".
Os últimos registros de danos ocorreram independentemente do fenômeno El Niño, o aquecimento anormal das águas na superfície no Oceano Pacífico Tropical que influencia padrões de vento no mundo todo, que costuma intensificar o branqueamento de corais.
A Grande Barreira abrange milhares de recifes de corais na costa nordeste da Austrália. Ela recebeu o título de Patrimônio da Humanidade pela ONU em 1981, por sua tamanha biodiversidade, que conta com 400 tipos de corais, 1,5 mil espécies de peixes e 4 mil de moluscos.
Segundo a ONU, é o local com "maior biodiversidade" entre os Patrimônios da Humanidade e, por isso, de uma "importância científica enorme e intrínseca". 

Fonte: G1 via BBC



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