O bolsista de pós-doutorado no exterior pela Coordenação de 
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Clelton Santos, 
finalizou em maio deste ano o estágio pós-doutoral, que promoveu 
colaboração bilateral entre Brasil e Irlanda, por meio das Universidade 
de Campinas (UNICAMP) e a National University of Ireland Galway (NUIG).
Durante a estadia na Irlanda, Clelton teve a oportunidade de 
trabalhar em um centro de excelência na área de Bioquímica Industrial e 
Bioenergia, o que lhe permitiu desenvolver um trabalho na área de 
biocombustíveis usando enzimas recombinantes para melhorar a eficiência 
da degradação enzimática de biomassa. “Meu pós-doutorado teve por 
objetivo buscar novas alternativas para melhorar a hidrólise enzimática 
de biomassa vegetal para a produção de bioetanol. Os fungos são 
excelentes produtores de enzimas (celulases) capazes de converter 
substratos celulósicos em açúcares livre, que por sua vez, podem ser 
fermentados visando à geração de etanol. Contudo, ainda não é 
completamente conhecido o papel/importância de outras proteínas 
acessórias, envolvidas no processo de sacarificação da celulose”, 
explica o pesquisador.
Cruzando dados de genômica estrutural e de expressão gênica de um 
isolado do fungo Trichoderma harzianum linhagem IOC-3844, a pesquisa 
identificou uma proteína chamada Suolenina (Swollenin, em inglês) que 
participa ativamente auxiliando a atividade de outras enzimas envolvidas
 no processo de quebra da celulose. “As Suoleninas têm a capacidade de 
afrouxar as fibras de celulose, o que faz com que as enzimas que atuam 
em substratos celulósicos possam acessar tais substratos mais 
eficientemente, aumentando assim, sua atividade catalítica.”
Publicação e impacto
De acordo com o bolsista brasileiro, os resultados podem contribuir para
 superação de desafios das biorrefinarias. “Novas alternativas para 
melhorar a conversão da biomassa e ultrapassar as barreiras físicas e 
químicas existentes substratos lignocelulósicos, representam um dos 
principais desafios enfrentados pelas biorrefinarias. Neste contexto, as
 Suoleninas são aditivos promissores para a suplementação de coquetéis 
enzimáticos desenvolvidos para a degradação de biomassa. Assim, o nosso 
estudo acrescenta novos conhecimento a utilização de proteínas 
acessórias na degradação de biomassa vegetal”, ressalta.
O sucesso do estudo fez com que fosse aceito para publicação pelo 
periódico Microbial Cell Factories. Clelton destaca a possibilidade de 
democratização do conhecimento a partir de ações como essa. “A 
publicação, especialmente em uma prestigiada revista da área, tem um 
papel preponderante para a divulgação da ciência, além de permitir o 
estabelecimento de um debate público entre ciência e sociedade. Com o 
advento das revistas conhecidas como open access, como a que publicamos o
 nosso estudo, todas as pessoas, incluindo cientistas, educadores, 
estudantes e leigos, podem ter acesso ao conhecimento científico de 
ponta. Desta forma, a divulgação cientifica decodifica a informação 
técnica para que ela possa ser consumida por todos, ao mesmo tempo que 
serve como um referencial para futuros estudos”, afirma.
Nesse sentido, o pesquisador destaca a elevação da qualidade da 
pesquisa e ciência brasileiras nos últimos anos. “O Brasil está passando
 por uma transição muito promissora, no que se refere à qualidade da 
pesquisa científica feita aqui no nosso país. Diferente do que acontecia
 há poucos anos, atualmente nós já estamos executando projetos de 
pesquisa semelhantes aos que são realizados em Universidades renomadas 
da Europa e Estados Unidos. Contudo, a colaboração com grupos 
estrangeiros é um ponto extremamente importante para a consolidação de 
grupos de pesquisa fortes no Brasil. O nosso trabalho, por exemplo, 
graças à colaboração com o grupo irlandês, adiciona novas informações 
com relação à produção e aplicação biotecnológica de proteínas 
recombinantes para a degradação de biomassa vegetal, nos permitindo 
vislumbrar novas abordagens e futuros projetos na área de 
biocombustíveis”.
Clelton também posiciona a pesquisa no horizonte do conhecimento 
ligado à produção ambientalmente sustentável. “O Brasil além de ser 
líder mundial na produção de etanol, tem se destacado no desenvolvimento
 de bioetanol de segunda geração, produzido a partir de biomassa 
residual da indústria de celulose, com especial atenção ao bagaço de 
cana-de-açúcar. Os nossos esforços se somam com os demais grupos 
brasileiros que têm trabalhado para que a indústria de biocombustíveis 
seja uma realidade certa no futuro do Brasil. O mundo pede um novo olhar
 sustentável com respeito ao meio ambiente e nós estamos tentando 
acrescentar nesse sentido.”
Experiência no exterior
O bolsista define a possibilidade de viver fora do Brasil e realizar 
uma pesquisa em colaboração com um grupo no exterior como indescritível.
 “Você pode ler a respeito de uma cultura, pode conhecer a fundo a 
história de um povo, porém tudo é diferente quando você está lá vivendo o
 dia-a-dia com eles. Mais que acrescentar adicionando novas experiências
 na bagagem profissional, a experiência no exterior traz também 
profundas positivas transformações pessoais”, comenta.
Clelton também destaca o papel do fomento do Governo Federal em sua 
pesquisa. “A CAPES teve um papel definitivo para que meu projeto de 
pós-doutoramento pudesse ser realizado na National University of Ireland
 Galway (NUIG). O referido projeto é também ligado a um projeto de 
Biologia Computacional coordenado pela professora Anete P. Souza, da 
UNICAMP, também financiado pela CAPES, que permitiu que meu projeto 
fosse inicialmente formulado e a colaboração com o grupo Irlandês fosse 
estabelecida. Sem o apoio da CAPES nós não teríamos conseguido 
desenvolver com rapidez e sucesso tal projeto”, ressalta.
Saiba mais sobre o Programa de Pós-doutorado no Exterior.
Com informações da CCS/CAPES
      
       Alice Oliveira dos Santos
Fonte: Boletim Eletrônico Portal  de Periódicos  da CAPES   


 
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